REDAÇÃO DO JORNAL DA MÍDIA
Salvador – Os usuários do Sistema Ferryboat tiveram uma tarde e noite de cão ontem (1º) no Terminal Marítimo de Bom Despacho. E reagiram como puderam: buzinaço, empurra-empurra nas grades e palavrões contra o governo e a Internacional Marítima, a operadora do sistema que veio do Maranhão para o lugar da TWB.
Com apenas três embarcações em tráfego, a fila de veículo, às 17h, já chegava à torre de uma emissora de rádio. O tempo médio de embarque para quem entrou na fila às 18h foi de aproximadamente seis horas. Até mesmo na fila de prioridade de idosos, a espera foi superior a três horas.
Um vexame. Funcionários das Internacional Marítima que trabalhavam no Terminal de Bom Despacho eram cercados constantemente por usuários, em busca de informações.
“Dois ferries quebraram. Só tem três e a gente não pode fazer nada. Cobrem lá dos homens a gente só tá aqui pra cumprir ordens.”, explicava um deles que atuava na organização das filas dentro do terminal.
Os ferries que quebraram foram os dois dose-dupla: Juracy Magalhães e Agenor Gordilho. O sistema ficou com apenas três – Ivete Sangalo, Pinheiro e Maria Bethânia. O governo divulgou amplamente que gastou mais de R$ 35 milhões para “recuperar” os navios e fez propaganda dizendo que sete, sempre, estariam em condições de tráfego.
Na prática, isso nunca aconteceu. Mesmo no inverno, o sufoco continua grande para quem precisa utilizar o sistema.
“Isso aqui é uma falta de vergonha. Tem gente se beneficiando dessa situação, não tem outra explicação. Gastam o dinheiro do povo e entra essa empresa aí que é pior ainda que a outra (TWB). Dizem que a empresa é de Sarney. Talvez o governo da Bahia tenha feito alguma parceria com eles do Maranhão”, desabafou o comerciante Claudionor Santos, que entrou na fila às 17h30 e até às 21h40 estava preso sem poder embarcar.
O JORNAL DA MÍDIA ouviu, em off, vários funcionários da Internacional Marítima que trabalhavam em Bom Despacho e em um dos navios (não vamos citar o nome da embarcação para evitar a identificação). Todos foram unânimes em afirmar que não existe nenhuma diferença entre a Internacional e a ex-concessionária TWB.
“Ninguém consegue explicar, mas a situação não mudou porque eles não conseguem manter os navios operando. E o usuário vem pra cá esperando que tem barco e se bate com essa fila enorme”, disse um empregado da Internacional.
Um outro completou:
“Não existe novidade nem diferença entre uma e outra. É que o governo só mudou o dono do ferry, mas caranguejo continua o mesmo”.
O JORNAL DA MÍDIA perguntou a um funcionário da concessionária que atuava no pátio de veículos:
“Qual é o tempo médio que um usuário de veículo leva para embarcar, com a fila na torre da Rádio Sociedade (menos de um quilômetro do terminal”)?
– Isso é quase que impossível se calcular. Pode levar três horas, quatro. Mas com somente três navios, é coisa para cinco ou seis horas, disse.
A Internacional Marítima divulga sempre a mesma informação, mesmo quando a fila está em Mar Grande como aconteceu no dia do São João: ”O tempo de embarque é de apenas duas horas”. Essa informação absurda e mentirosa é difundida constantemente em emissoras de rádio, nas TVs e até nos jornais. O usuário, desatento, acredita e é surpreendido, como aconteceu ontem.
E a agência que fiscaliza a Internacional Marítima, a Agerba, não faz absolutamente nada no sentido de pelo menos evitar que milhares de pessoas sejam enganadas diariamente. Levar desinformação ao público, enganar o consumidor, é crime. A parceria em termos de negligência, de serviço ordinário e de caos é perfeita entre a Agerba (Governo do Estado) e a Internacional Marítima, da terra do senador José Sarney.
Essa parceria no mínimo suspeita vai de vento em popa. Até quando, ninguém sabe.
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