No primeiro dia da Internacional Marítima como gestora emergencial do sistema de ferry-boat, uma das cinco embarcações foi retirada ontem da travessia, das 10h às 18h. Segundo o diretor-presidente da empresa maranhense, Luiz Carlos Cantanhede, devido ao pequeno fluxo de pessoas, o Anna Nery foi retirado para reparos, segundo informa o jornal Correio. “Paramos o Anna Nery para realizar a troca de dois geradores. Não tivemos fila”, disse Cantanhede.
As outras embarcações fizeram a travessia de hora em hora, segundo boletim divulgado pela empresa. Ainda ontem, um atraso foi registrado na saída do Rio Paraguaçu do terminal de Bom Despacho. Prevista para sair às 13h, a embarcação só deixou o local 30 minutos depois. Cantanhede informou que o atraso ocorreu devido a um falha. Sem especificar que falha foi esta, ele disse que já pediu mais atenção para o cumprimento dos horários.
Fala Demais – Aconselha-se ao diretor-executivo da Agerba, Eduardo Pessoa, que na verdade foi o grande responsável por se tirar a TWB da Bahia, por conta das inúmeras irregularidades praticadas pela ex-concessionária das três letrinhas, controlar mais (se é que pode) a língua do dono da Internacional Marítima.
Não soaram bem as declarações do Sr. Luiz Carlos junto à opinião pública, segundo as quais a Internacional Marítima planeja acabar com os horários fixos no sistema ferryboat. Coisa absurda se acontecer. Se a ideia pegar, as empresas de ônibus do sistema intermunicipal também poderiam acabar com os horários fixos de saída da Estação Rodoviária de Salvador. E as companhias aéreas fariam o mesmo. E as lanchas da travessia Salvador-Mar Grande, que saem de 30 em 30 minutos, ídem. Só iriam sair dos terminais com lotação completa.
Interessante é que na época em que a TWB explorava o ferryboat, a própria Agerba, através do diretor Eduardo Pessoa, abusou de afirmar em entrevistas que queria horário a cada 30 minutos.
É claro que no período de baixa estação não vai se exigir que o sistema opere de meia em meia hora. O ideal é que seja de uma em uma hora, com colocação de horários extras quando a demanda exigir. Afinal, a população tem o direito de ser servida, tem o direito de se programar para viajar e não pode ser prejudicada por essa ideia maluca de se acabar com horário fixo.
Fique de Olho, Wagner – O governador Jaques Wagner também não vai permitir que um absurdo como esse anunciado pelo dono da Internacional Marítima prevaleça. Afinal, a empresa do Maranhão está chegando na Bahia sem gastar um centavo, sem trazer nenhuma embarcação e já recebeu “por conta” do seu “trabalho” R$ 20 milhões dos cofres públicos, como confessou o vice governador Otto Alencar.
A Internacional Marítima também não é esta coca-cola toda como o governo espalhou. No Maranhão, ela faz a travessia São Luís-Alcântara e presta um serviço muito precário, segundo o Ministério Público de lá.
“O sistema funciona de forma precária. Até hoje não tem concessão”, diz o promotor de Justiça Emmanuel José Peres Netto Guterres Soares, do Ministério Público do Maranhão, em entrevista ao Correio.
Nota da Redação:
História do ferryboat no Maranhão se confunde com a malvadeza de ACM contra Waldir Pires
O Maranhão conheceu um ferryboat pela primeira vez em 1987. E eles chegaram lá por um pesentinho da Bahia a essa figuraça da política brasileira, o senador Zé Sarney. E mais ainda: no banco de imagens da Internacional Marítima na internet constava até recentemente essas duas embarcações como se fossem da frota dela – o “Pinheiro” e o “Alcântara”.
Vamos resumir a história um pouco: em 1987, para pirraçar o então governador Waldir Pires, ou melhor, fazer uma malvadeza, o ex-governador Antonio Caros Magalhães sabia que Sarney, seu amigo, queria inaugurar ou ampliar a travessa Alcântara-São Luís, explorada pela Internacional Marítima. ACM era ministro.
E o que fez ACM? Se movimentou junto ao BNDES e conseguiu transferir da Bahia para o Maranhão os navios “Vera Cruz” e “Monte Serrat” – o BNDES foi quem financiou as embarcações ao Governo da Bahia. Lá na terra do Zé Sarney, esses navios foram batizados de “Pinheiro” e “Alcântara”. O negócio era mesmo sacanear (desculpem, caros leitores, mas foi isso mesmo… sacanear) o governador Waldir Pires para que o povo reclamasse, como reclamou.
Em 1992, já de volta ao governo da Bahia, ACM mandou buscar os dois navios de volta. E foram reinaugurados e reincorporados aqui com muita festa. ACM estava lá na maior alegria cercado do povão. O presidente da Companhia de Navegação Bahiana (CNB) era Vladimir Abdala Nunes. É que a imprensa da Bahia não tem memória, não investiga mais nada e publica quase tudo sem apurar devidamente. Waldir Pires está aí para atestar. A imprensa deveria procurar o vereador do PT que sabe muito mais do que tudo que está sendo publicado aqui.
Tem setores que não gostam da linha editorial do JORNAL DA MÍDIA. Mas aqui o nosso compromisso é com a informação. Não vamos ficar fazendo oba-oba para governantes, para empresários talentosos e espertos, e mentir para o leitor. Não é este o nosso papel. Não é este o papel da imprensa e não é esta a nossa formação como profissionais. Sempre estamos à disposição para receber as críticas e contestações, dentro do nosso espírito democrático de informar com precisão. Mas o nosso direito de opininar e de criticar é inalienável. É o mesmo direito que tem a população de ser bem informada.
Repetimos: a Agerba, como órgão regulador e fiscalizador, tem a obrigação de fazer cumprir o seu papel. Não custa nada fechar a boca do dono da Internacional Marítima. Não se deve falar asneiras. É melhor deixar o tom arrogante lá para a terra de Zé Sarney. Na Bahia, a democracia é plena. Em nenhum momento dissemos aqui que a Internacional tem ligações com o senador José Sarney. Ainda não. É possível que sim. Afinal, qual é o empresário do Maranhão que não tem?
O que o usuário do ferryboat exige é que o sistema funcione e foi com este objetivo que a Agerba trabalhou para tirar a TWB da Bahia e o governo gastou mais de R$ 20 milhões do dinheiro do cidadão para recuperar os navios. Esta história do ferryboat tem muitos capítulos de arrepiar. É macabra. Tem muita gente que se deu bem. Vamos continuar atentos, doa em quem doer.