Salvador – Perplexo. Assim ficou o governador Jaques Wagner ao ser informado sobre a decisão dos professores da rede estadual pela manutenção da greve, que completou hoje 56 dias. Wagner classificou a continuidade do movimento como “inexplicável” em entrevista à imprensa nesta terça-feira (5), na Governadoria.
Ele revelou que a proposta de ganhos escalonados saiu de integrantes da APLB/Sindicato e foi incorporada pelo governo e ressaltou que em nenhum momento se falou de que será necessária uma prova, mas sim cursos de qualificação. “Ninguém terá que fazer prova, só terá que estar presente nos cursos”, esclareceu.
O fato de uma nova assembleia ter sido marcada para terça-feira da próxima semana (12), um hiato de sete dias, sugere, para o governador, descaso com a situação dos alunos.
“Não consigo entender o que passa na cabeça desses educadores e de suas lideranças. Fui sindicalista, da iniciativa privada, e (quando em greve) as nossas assembleias eram permanentes, às vezes duas ou três vezes ao dia. Eles, sindicalistas do serviço público, estão prejudicando os alunos mais carentes da sociedade”, falou o governador, acrescentando que não há direito a salário que seja maior que o direito dos alunos à educação.
Sobre as afirmações, dos sindicalistas, de que o governo estaria sendo intransigente, Jaques Wagner lembrou que a cada vez que o governo se movimenta (apresenta uma proposta) “eles não saem do lugar”. “Quero, cada vez mais, valorizar os educadores, mas tenho limites”, observou.
Impasse – Os professores pediram reajuste de 22,22%. Eles alegam que o governo fez acordo com a categoria, em novembro do ano passado, que garantia os valores do piso nacional, e depois ignorou o acordo mandando para a Assembleia um projeto de lei com valores menores. No dia 25 de abril, os deputados aprovaram o projeto enviado pelo executivo que garante o piso nacional a mais de cinco mil professores de nível médio. Na última terça-feira (29), conseguiram uma liminar da Justiça que determina o pagamento dos sálarios do mês de abril e maio, que estavam suspensos. O Governo da Bahia informou que iria recorrer da decisão.
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