Redação do
Jornal da Mídia
Se algum acidente acontecer envolvendo uma embarcação do sistema ferryboat, operado pela concessionária paulista TWB, que ninguém tome como surpresa. Principalmente se o navio for o “Pinheiro”, que está operando sem as mínimas condições e colocando em risco a vida dos usuários.
Para se ter uma ideia da gravidade do problema, funcionários da TWB revelaram ao Jornal da Mídia que na Sexta-feira Santa o “Pinheiro” chegou a operar sem comandante, porque a concessionária não dispõe de tripulação suficiente.
“Quem assumiu o comando foi o imediato, que nem sempre é capacitado para a tarefa. Durante a travessia, houve um princípio de incêndio, por volta das 17h, na praça de máquinas, mas o fogo foi controlado pelo pessoal a bordo. E o pior é que a Capitania dos Portos sabe de tudo, pois já fizemos várias denúncias. E a Agerba mais ainda”, revelou o servidor da TWB.
Outro fato grave em relação ao ”Pinheiro” é a falta de manutenção. É verdade que a TWB não dá manutenção aos navios, todos pertencentes ao patrimônio público. Mas no caso do “Pinheiro” a situação é mais grave ainda.
“Eles não querem nem mais trocar ou completar o óleo dos motores. Uma hora dessa vai estourar tudo. Esse ferry está em tráfego parece que de forma proposital, faz a travessia em quase duas horas. Nós suspeitamos que a TWB esteja querendo que ocorra mesmo alguma coisa, um acidente. Não sabemos qual o motivo, mas é isso que os marítimos suspeitam”, sustentou.
O ferryboat “Agenor Gordilho”, por sua vez, está funcionando com apenas um motor.
Portanto, se acontecer um acidente, todos já sabem de quem é a culpa, além da TWB: da Agerba (agência de fiscalização), da Capitania dos Portos, da Secretaria de Infraestrutura e do governo do Estado.
Culpa do Ministério Público, também. Afinal, o secretário de Infraestrutura, Otto Alencar, afirmou diversas vezes que toda a questão do ferryboat e da TWB foi transferida para o MP, através da promotora Rita Tourinho. Aliás, a promotora tinha prometido divulgar, ao final de fevereiro, o termo de um TAC para a TWB cumprir. Abril já está acabando e nada.
A Agerba também prometeu divulgar outro documento. E nada…
Funcionários da Agerba consultados pelo Jornal da Mídia asseguraram que o caos em que se encontra a frota de navios do sistema ferryboat, principalmente a falta de manutenção, o sucateamento e o descaso da TWB, é do conhecimento do diretor da Agerba, Eduardo Pessoa. “A diretoria da Agerba recebeu vários relatórios mostrando a situação, que é muito preocupante”, disse um preposto da Agerba.
Enquanto isso, a TWB demonstra, na prática, ignorar completamente a agência de fiscalização. Além de não cumprir com as determinações da Agerba, a concessionária deixou completamente de pagar as multas.
Uma fonte da diretoria da Agerba revelou ao Jornal da Mídia que as multas à TWB já ultrapassaram a bagatela de R$ 6 milhões. A empresa vem acumulando débito em cima de débito desde 2010 e garante que não vai pagar nada.