Entre policiais, a leitura é que uma nova crise interna se instalou na Polícia Federal.
Os desdobramentos da operação Acesso Pago arrastaram pela segunda vez em três anos e meio a Polícia Federal para dentro de uma investigação sobre interferência política e expuseram novamente as tensões internas no órgão, alimentadas pelas seguidas crises no governo Jair Bolsonaro (PL).
Reportagem da Folha de São Paulo deste domingo informa que a investigação que mira a atuação de Milton Ribeiro e dos pastores Gilmar Santos e Arilton Moura na liberação de verbas do MEC seguirá paralelamente à decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) de abrir uma apuração sobre a suposta interferência.
Caso a gestão de Márcio Nunes seja investigada em um caso de interferência de Bolsonaro, ele será o segundo diretor-geral do atual governo nessa situação.
Moro já tinha denunciado Bolsonaro
O ex-juiz Sergio Moro deixou o governo acusando Bolsonaro de tentar interferir politicamente na PF em benefício pessoal. Em reunião ministerial de abril de 2020, que foi tornada pública posteriormente por ordem do STF, Bolsonaro fala claramente em interferência para evitar que amigos e familiares sejam atingidos.
“Já tentei trocar gente da segurança nossa no Rio de Janeiro oficialmente e não consegui. Isso acabou. Eu não vou esperar f. minha família toda de sacanagem, ou amigo meu, porque eu não posso trocar alguém da segurança da ponta de linha que pertence à estrutura. Vai trocar; se não puder trocar, troca o chefe dele; não pode trocar o chefe, troca o ministro. E ponto final. Não estamos aqui para brincadeira”, disse o presidente, na ocasião.
Dois dias depois dessa reunião, Bolsonaro, de fato, exonerou Valeixo, o que resultou na saída de Moro do governo. A primeira medida do novo comando da corporação foi substituir o superintendente do Rio de Janeiro.
PF investiga Caladrini
Além disso, a própria PF investiga as acusações do delegado Bruno Calandrini, feitas no dia da prisão do ex-ministro, sobre uma suposta interferência indevida no caso.
Entre policiais, a leitura é que uma nova crise interna se instalou a partir da revelação da Folha da mensagem em que o investigador relata a colegas que a investigação foi prejudicada por um suposto tratamento diferenciado dado ao ex-ministro.
Os áudios com as conversas em que o ex-ministro sugere ter sido avisado por Bolsonaro de um “pressentimento” de buscas a serem efetuadas, na visão de delegados, reforçam o mal-estar interno ao levantar desconfiança de ter havido vazamento por meio da direção do órgão.
Como agravante, a crise tem início nas vésperas do período eleitoral.
Fonte: Jornal da Brasília, citando a FolhaPress. Clique aqui e leia matéria completa…