ANSA
O vice-premier e ministro do Interior da Itália, Matteo Salvini, comemorou hoje (14) a decisão do ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF), de ordenar a prisão para fins de extradição de Cesare Battisti.
“Uma prisão perpétua cumprida curtindo a vida, nas praias do Brasil, diante das vítimas, me deixa irritado! Darei grande mérito ao presidente Jair Bolsonaro se ajudar a Itália a fazer justiça, ‘presenteando’ Battisti com um futuro na prisão da pátria”, disse Salvini, nesta manhã, em um post no Twitter.
Un ergastolano che si gode la vita, sulle spiagge del Brasile, alla faccia delle vittime, mi fa imbestialire!
Renderò grande merito al presidente @jairbolsonaro se aiuterà l’Italia ad avere giustizia, “regalando” a Battisti un futuro nelle patrie galere. https://t.co/jAz3tuq7Xd— Matteo Salvini (@matteosalvinimi) 14 de dezembro de 2018
Mais cedo, o ministro da Justiça da Itália, Alfonso Bonafede, também tinha comentado nas redes sociais a decisão de Fux.
“Foram escutados os nossos pedidos. O Ministério da Justiça está trabalhando há tempos para isso, mas ficaremos satisfeitos apenas quando Battisti for extraditado para a Itália”, disse Bonafede, em um post no Twitter. Na noite de ontem (13), Fux determinou a prisão pela Interpol de Battisti. O italiano foi condenado à prisão perpétua na Itália por quatro assassinatos cometidos na década de 1970, quando era membro do grupo Proletários Armados pelo Comunismo (PAC). Considerado terrorista na Itália, Battisti conseguiu fugir e vive livremente no Brasil, na cidade litorânea de Cananeia, graças a um benefício concedido pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. “Possibilidade de entrega do reclamante a país estrangeiro pelo presidente da República, atual ou futuro”, diz o documento assinado por Fux. “Prisão do reclamante por tentativa de evasão de divisas e lavagem de dinheiro. Possibilidade de apreciação pelo presidente da República para decidir pela extradição, deportação ou expulsão do reclamante.” Além disso, Fux decidiu que o tema não deveria ser analisado novamente pelo STF, pois já passara pelo plenário.
Il Supremo Tribunale Federale brasiliano, ha ordinato l’arresto di Cesare #Battisti. Sono state accolte le nostre richieste di rigettare il suo reclamo. È ciò per cui il @minGiustizia sta lavorando da tempo. Ma saremo soddisfatti solo quando Battisti sarà estradato in Italia.
— Alfonso Bonafede (@AlfonsoBonafede) 14 de dezembro de 2018
A extradição de Battisti tinha sido autorizada em 2009 pelo STF, mas coube a Lula, em seu último dia de mandato, 31 de dezembro de 2010, dar a palavra final. O petista, então, decidiu ajudar o ex-militante de esquerda italiano e negou a extradição.
Em seu despacho, Fux entendeu que, como o STF já tinha determinado que Battisti fosse extraditado, o asilo concedido por Lula poderia ser revisado por outros presidentes. Michel Temer e o Jair Bolsonaro, que toma posse em 1 de janeiro, já disseram ser favoráveis à extradição. Fux também ordenou a prisão alegando risco de fuga do italiano. Em outubro de 2017, Battisti foi preso pela Polícia Federal em Corumbá por tentar cruzar a fronteia com a Bolívia carregando US$ 6 mil e 1,3 mil euros. Procurado ontem à noite pela ANSA, o advogado do italiano, Igor Tamasauskas, disse que ainda havia tido acesso à decisão do ministro. “Não tive acesso à decisão, só pela mídia, não tenho como comentar”, afirmou. Hoje cedo, ele afirmou que ainda “não tinha posição”. Devido ao horário, Battisti só poderia ser preso a partir do amanhecer de hoje. O italiano, porém, ainda não foi encontrado. (ANSA)