Um ano após ter assinado um dos mais impactantes acordos da Lava-Jato, o ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot reforça a importância da delação premiada dos irmãos Joesley e Wesley Batista, que resultou em duas denúncias contra o presidente da República. A permanência de Michel Temer no cargo espanta o magistrado, que foi entrevistado pelo GLOBO na última terça-feira. Para ele, não há nenhum outro país do mundo em que um chefe da nação é réu em dois processos criminais e alvo central de outros dois:
Foi um acordo importantíssimo para desvendarmos toda organização criminosa que se apropriou do poder público brasileiro. As informações, provas e a proatividade dos colaboradores foram medidas nas denúncias feitas contra o presidente em exercício Michel Temer e nas investigações que seguiram.
Ele responde a duas denúncias e duas investigações criminais, que decorrem dessa colaboração. Acredito que essa foi uma das colaborações premiadas que mais auxiliaram o combate à corrupção no Brasil. Atingiu um presidente da República em exercício que, depois de três anos e meio da Lava-jato, continuava praticando atos que queria. Achava que era imune a qualquer investigação do Ministério Público. E nenhum cidadão é.