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REDAÇÃO DO JORNAL DA MÍDIA
O processo de caducidade do contrato da concessionária paulista TWB com o Estado da Bahia, aberto pela Secretaria de Infraestrutura e Agerba, virou, definitivamente, uma verdadeira novela.
Depois de passar 14 dias para oferecer seu parecer, a Procuradoria Geral do Estado (PGE) devolveu tudo ontem para a Agerba e deu um prazo de 10 dias para a agência se explicar sobre o conjunto de argumentos elencados em sua defesa pela TWB.
Não se sabe quando a novela vai acabar. Parece mesmo interminável.
O governador Jaques Wagner, há quase um mês, tinha decretado, como ele mesmo afirmou, o ”xeque-mate” à TWB, garantindo que a concessionária teria seu contrato rompido.
O vice-governador Otto Alencar, que é secretário de Infraestrutura, assegurou que a a TWB não fica mais na Bahia por absoluta falta de condições operacionais e de gestão do sistema ferryboat. (Confira as declarações do secretário no áudio acima).
No meio da incapacidade total da concessionária aparecem dezenas de irregularidades praticadas, inclusive fraudes apontadas pelo Ministério Público da Bahia.
O tempo passa e o sistema ferryboat segue com o mesmo panorama: caos total, com usuários protestando nos terminais. Somente duas embarcações em tráfego, como aconteceu na tarde de ontem.
O ferryboat está entregue, com os usuários correndo risco. Irresponsabilidade, incompetência e muita negligência.
E o governo não está nem aí. Estamos à véspera de um feriado prolongado.
Parece mesmo que o governo está apostando no pior – em um acidente de proporções envolvendo as embarcações operadas pela TWB, por exemplo.
Um acidente seria o fim da picada. Para ele, o governo, que com sua lentidão e jogo de empurra, submete a população a vexames constantes na travessia entre Salvador e Bom Despacho.
Soa velha e ultrapassada a colocação feita só agora pelo secretário Otto Alencar de que o contrato de concessão da TWB foi muito mal feito, pois concede muitos direitos e regalias à concessionária e nenhum dever.
Os usuários sabem disso de cor e salteado. Não existe nenhuma novidade. Otto Alencar disse que não gosta de criticar.
E não deve mesmo.
O contrato da TWB foi todo construído no gabinete do então secretário de Infraestrutura, Eraldo Tinoco, amigo de Otto, no governo de Paulo Souto, do qual o vice-governador também participava. Diretores da Agerba da época tiveram influência decisiva na elaboração do documento.
Tudo foi feito mesmo para beneficiar a TWB. Tudo dirigido e ninguém jamais foi punido ou sequer chamado a prestar depoimento.
A opinião pública está cansada desse lenga-lenga e exige, sim, uma posição concreta do governo em relação ao ferryboat.
Do contrário, o governo vai assinar o atestado de sua incompetência em relação ao assunto e vai continuar compactuando com coisas erradas e com os atos ilícitos praticados pela TWB contra o Estado, conforme o Ministério Público assegurou.