Após 12 dias, a greve da Polícia Militar da Bahia terminou sem vencedores: perderam o governo Jaques Wagner (PT) e a corporação.
Wagner sofreu seu maior revés político em cinco anos de uma gestão que até então seguia sob céu de brigadeiro, com hegemonia no Legislativo (49 dos 63 deputados) e aprovação popular (60% em dezembro de 2010).
O movimento também reforçou a imagem negativa da segurança pública na Bahia, calcanhar-de-Aquiles da gestão. De 2005 a 2010, por exemplo, a taxa de homicídios avançou 47% no Estado.
De passado sindical, o petista Jaques Wagner também não conseguiu evitar a radicalização da greve, com centenas de policiais militares fechando avenidas e invadindo a Assembleia.
Perdem também os PMs, que não obtiveram sua principal reivindicação –ficou para 2015, e não agora, a incorporação da gratificação que elevaria o salário inicial da categoria dos atuais R$ 2.173 para R$ 3.019.
O desfecho da paralisação também expôs novas fissuras na PM baiana: entre praças e oficiais (que não aderiram à paralisação) e entre os próprios oficiais pró e contra o movimento.
A categoria sai ainda manchada perante a opinião pública após a divulgação de conversas telefônicas em que líderes grevistas articulavam ações de vandalismo como tomada de quarteis e bloqueio de rodovias federais.
Contudo quem mais perdeu nesta história foi a população de baixa renda da Grande Salvador.
Como mostrou reportagem da Folha, esse setor, majoritário e vulnerável, tornou-se alvo ainda mais fácil de criminosos durante a greve, enquanto tropas federais concentravam esforços no patrulhamento de prédios públicos e pontos turísticos da capital baiana. (Folha de São Paulo)