Médicos querem que o ministro Marcelo Queiroga divulgue nota técnica esclarecendo que a equipe de especialistas não foi consultada.
Médicos que compõem a Câmara Técnica Assessora de Imunização Covid-19, uma instância de aconselhamento do Ministério da Saúde, cogitam deixar a comissão caso o Ministério da Saúde não volte atrás na decisão de interromper a vacinação de adolescentes de 12 a 17 anos.
Segundo informou agora à noite a coluna Malu Gaspar, no jornal O Globo, em reunião virtual bastante tensa ocorrida na tarde desta sexta-feira, os especialistas e membros de sociedades e conselhos de medicina que compõem a câmara, além de representantes das secretarias estaduais e municipais de saúde rechaçaram de forma unânime a decisão do ministro Marcelo Queiroga de parar a vacinação.
Segundo relatos de participantes da reunião, eles exigiram que o ministério elabore uma nova nota técnica esclarecendo que a equipe de especialistas não foi consultada e que discorda da decisão. Exigiram também que a pasta de Queiroga defina um calendário para a retomada da vacinação deste grupo etário.
Um dos médicos presentes defendeu que a nota saísse já no fim de semana, a fim de mitigar o pânico provocado em pais de adolescentes e um movimento antivacina.
Ao anunciar a interrupção da vacinação, o ministro Marcelo Queiroga argumentou que havia um caso de uma adolescente que havia morrido após receber uma dose da Pfizer. Ele mesmo admitiu que não sabia se o fato tinha relação com a vacina, mas enfatizou riscos de miocardite em vacinados.
Se o ministério não atender às exigências dos médicos, eles dizem que deixarão a Câmara Técnica.
“Não faz sentido a gente ficar lá para não ser ouvido. A gente não ganha nada por isso, para ficar tomando bordoada por coisas absurdas”, disse um dos integrantes, que pediu para manter o seu nome sob reserva.
Além da disseminação da suspeita infundada sobre a vacina, também irritou os médicos o fato de a nota do ministério que interrompeu a imunização usar justificativas falsas, como a de que a Organização Mundial de Saúde desaconselha a vacinação de adolescentes.
“Você acha que os EUA estariam vacinando sua população se houvesse esse risco?”, questionou outro médico que integra a câmara técnica. “A Inglaterra recomendou apenas uma dose de Pfizer até concluir estudos sobre o risco de miocardite, mas isso deve cair nas próximas semanas. A primeira dose segue sendo obrigatória”.
Fonte: coluna Malu Gaspar / O Glono / Clique AQUI e leia mais