REDAÇÃO DO JORNAL DA MÍDIA
A população da Ilha de Itaparica acabou ficando mesmo sem o seu principal meio de locomoção para a capital, neste final de semana: o transporte marítimo. O Sistema Ferry-boat, em cumprimento ao decreto do Governo do Estado que visa combater a disseminação do coronavírus na Bahia, não funcionou no sábado, dia 1º, e neste domingo. São seis finais de semanas consecutivos que o ferry não opera.
E a Travessia Salvador-Mar Grande, que era para operar normalmente, conforme o mesmo decreto governamental, ficou suspensa devido ao mau tempo, com mar muito agitado e fortes ventos na Baía de Todos os Santos. A travessia foi suspensa sexta-feira, às 17h, e não funcionou sábado. Neste domingo, a suspensão foi mantida pela Marinha do Brasil, através da Capitania dos Portos.
A Ilha ficou isolada. Literalmente…
Resultado: a Ilha de Itaparica ficou isolada. Para chegar ou sair, só via terrestre. São 290 até Salvador via BA-001 e depois BR-101 e BR-324. A travessia marítima é de apenas 14 Km, de Ferry-boat, ou 12 Km em lanchas da travessia Salvador-Mar Grande.
Se não bastasse o isolamento, o prejuízo: os dois municípios da Ilha de Itaparica, Vera Cruz e Itaparica, dependem muito, mas muito mesmo de quem chega de Salvador para movimentar a economia local. São restaurantes, bares, supermercados, pousadas, hotéis. Enfim, o comércio em geral da Ilha de Itaparica é todo muito dependente dos visitantes, que em sua maioria procede de Salvador.
É a realidade. Não tem como fugir dessa realidade.
Mas o momento já demonstra que o governo precisa mudar logo de ideia e fazer o Ssistema Ferry-boat retomar as operações normais, funcionando nos finais de semana. Com o modelo de operação atual, as aglomerações estão ocorrendo fora e dentro das embarcações do sistema, como ficou demonstrado na última sexta-feira. É preciso se normalizar as operações do Sistema Ferry-boat e só o governo, que é o poder concedente, pode fazer isso.
Enfrentamento do coronavírus
Por outro lado, existe também a preocupação com a disseminação do coronavírus na Bahia e o Governo do Estado definiu uma política séria – para alguns até radical – de enfrentamento da situação. E no bojo das medidas, nessa segunda onda da doença, que já matou 18.561 baianos desde o seu início, em março de 2020, infelizmente o Sistema Ferry-boat, a travessia Salvador-Mar Grande e o transporte intermunicipal rodoviário foram atingidos duramente pelas medidas restritivas.
Em consequência, a Ilha de Itaparica também foi prejudicada.
Vera Cruz: coronavírus explodiu e cresceu 99,80% de janeiro a abril
Com as aglomerações do Ano Novo e Carnaval, os casos de coronavírus atingiram números impressionantes de crescimento na Ilha de Itaparica, principalmente em Vera Cruz, onde as festas tipo paredões ocorreram em grande escala.
Em Vera Cruz, de janeiro a abril, a Covid -19 cresceu nada menos que 99,80%, segundo o boletim epidemiológico da Sesab – Secretaria de Saúde do Estado, autoridade sanitária da Bahia, divulgado neste domingo, dia 2. De 516 casos dia 1º de janeiro, Vera Cruz alcançou nada menos que 1.031 registros da doença em 30 de abril – hoje ( dia 2) já são 1.048 casos.
Já o número de mortes pulou de 22, dia 1º de janeiro, para 45 óbitos, em 30 de abril. O aumento é de 104,554%.
Em Itaparica, o avanço do coronavírus foi menor. De 506 casos dia 1º de janeiro, o município atingiu 787 dia 30 de abril. O avanço de Covid no período de quatro meses em Itaparica chegou a 56,15%. O número de mortes saltou de 14, em janeiro, para 22, em abril, com aumento de 56,15%.
Tudo corre solto e sem fiscalização na Ilha
Vale destacar, que as medidas do Governo do Estado foram para evitar as aglomerações, que fizeram o coronavírus avançar muito na Bahia. E na Ilha de Itaparica, em particular. Ressalte-se que os governos dos dois municípios da Ilha adotaram sempre medidas amenas, fraquejaram muito na fiscalização e sequer seguiram a íntegra dos decretos do Governo do Estado para conter o avanço da Covid-19.
Vera Cruz e Itaparica ficaram sempre de fora até dos “toques de recolher”. Fugiram das últimas medidas governamentais. Mantiveram praias abertas ao contrário de Salvador e dos municípios da Região Metropolitana com litoral – Lauro de Freitas, Camaçari e Mata de São João, que fecharam suas praias. Tudo liberado na Ilha: bares, restaurantes e similares, depósitos de bebida…comércio em geral.
As duas prefeituras sequer tiveram a iniciativa de deslanchar uma campanha educativa voltada para orientar a população, sempre muito desprotegida, da Ilha de Itaparica, sobre o coronavírus. Sequer um outdoor foi produzido e espalhado nos quatro cantos da Ilha! Uma falha lamentável.
Não adianta ficar produzindo frases bonitinhas e mimimi nas redes sociais para falar de ações que não representam pouco ou quase nada, que não têm alcance para a população. Ações que não chegam nunca às comunidades tão carentes da Ilha de Itaparica. A população da Ilha precisa muito mais que tudo isso que seus governantes falam através das redes sociais.