Sócios do ministro Geddel Vieira Lima (Secretaria de Governo) em um restaurante na Bahia têm ou tiveram relações com a empreiteira Cosbat, responsável pela obra em Salvador que levou à saída de Marcelo Calero da Cultura. O demissionário disse que sofreu pressões por um parecer favorável à continuidade da construção do La Vue. Geddel admite a conversa, mas nega interesses pessoais.
É o que informa neste domingo reportagem doo jornal Folha de São Paulo, em matéria de Matheus Magenta e Paulo Gama. O primo de Geddel e sócio no restaurante Al Mare, Jayme Vieira Lima Filho, tem um escritório de advocacia que defende a Cosbat na Justiça baiana.
”O escritório Vieira Lima Filho Advogados Associados representa a construtora em uma ação de 2011 em uma vara de relações de consumo. O processo trata de outro edifício, chamado Ondina Mar”, revela a Folha.
Tanto Jayme quanto outro primo de Geddel, Pedro Luz, constam como advogados da empreiteira no processo. Outro que divide com Geddel a sociedade do restaurante é Christiano Pinto Polillo, ex-executivo da empreiteira OAS que atuou no Porto Maravilha, projeto de revitalização no Rio.
Polillo foi também administrador da Morro do Gato Empreendimentos em conjunto com um sócio de Luiz Fernando Machado Costa Filho, dono da Cosbat. Ele negou à Folha que tenha participado da empresa e disse que os dados da Receita ”devem estar errados”.
A reportagem não conseguiu localizar Costa Filho. Em julho, Geddel brigou com vereadores e o banqueiro Marcos Mariani em favor do edifício La Vue, da Cosbat. Em mensagem no Twitter, disse que o empresário influenciava políticos para barrar edifício em sua vizinhança. A região da ladeira da Barra, voltada para a Baía de Todos os Santos, é uma das mais valorizadas da cidade.
O ministro disse à Folha ser amigo do dono da Cosbat, mas negou conflito de interesse. Declarou ter defendido o interesse das pessoas que adquiriram apartamentos no empreendimento, como ele, e ressaltou que a empreiteira não realiza obras públicas.
Para o peemedebista, a estimativa de valor dos apartamentos (R$ 2,6 milhões) é exagerada, mas não revelou a quantia que negociou. A Cosbat é sócia da construtora OAS em outro empreendimento que causou polêmica em Salvador, o Residencial Costa España.
Em janeiro deste ano, reportagem de ”O Globo” revelou interceptações de mensagens no âmbito da Lava Jato que mostram atuação de Geddel junto à Prefeitura de Salvador em favor do projeto. ”Não esqueça daquela oportunidade para concluirmos aquela conversa sobre o Costa Espanha. Estou precisando definir aquele tema”, disse Geddel em mensagem a Léo Pinheiro, sócio da OAS, que foi condenado a 16 anos de prisão por corrupção.