Rachado e fragilizado pelas investigações da Lava Jato contra o seu principal líder, o PT inicia o período pós-impeachment buscando um discurso contundente para se opor ao governo do presidente Michel Temer. Mas a tarefa se torna ainda mais complexa dado o embate interno que tende a se acirrar já nos próximos dias.
Enquanto as correntes de esquerda querem a troca imediata da direção, o campo majoritário tenta postergar mudanças. Esses grupos de esquerda têm alertado para o risco de quebra de unidade interna. Existe inclusive a possibilidade de debandada com a criação de um novo partido.
— Pior do que perder o poder, é perder o discurso. Isso é o que mata — resume um parlamentar da ala mais à esquerda da legenda.
A avaliação desse petista é que o partido terá problemas para defender o seu legado no cenário atual do país. Por exemplo, seria difícil convencer a população a se opor ao fim da obrigatoriedade de participação da Petrobras na exploração do pré-sal diante da revelação dos escândalos na gestão da estatal. A bandeira da redução da pobreza promovida pelo governo Lula também pode se perder com a crise econômica. Entre os deputados, fala-se em manter denúncia do “golpe” e criticas à agenda do governo Temer, como a reforma da Previdência. Já o ex-governador do Rio Grande do Sul Tarso Genro, voz crítica ao campo majoritário, também acredita que o partido, aliado a outros grupos de esquerda, precisa encontrar uma linha de atuação.
Fonte: O Globo/Sérgio Roxo, Leticia Fernandes, Júnia Gama e Mariana Sanches