Agência ANSA
Kiev – Segundo o Ministério da Saúde da Ucrânia, o balanço de mortos desde a última terça-feira (18) nos violentos confrontos entre manifestantes e as forças de segurança é de 75 pessoas. Ainda de acordo com a pasta, outras 76 permanecem feridas em estado grave por conta dos conflitos. No entanto, grupos de oposição garantem que os embates já custaram a vida de ao menos 100 ucranianos.
O próprio Parlamento do país, cuja maioria está nas mãos do governo, condenou os excessos da polícia para coibir os protestos e proibiu as operações antiterrorismo anunciadas pelos serviços secretos e o uso do Exército. As medidas foram aprovadas com os votos de 236 deputados, de um total de 450. Contudo, apenas 238 estavam presentes.
Ontem (19), o presidente Viktor Yanukovich se reuniu com os três principais líderes da oposição e anunciou uma trégua, mas o que se viu nesta quinta-feira (20) foi um novo banho de sangue em Kiev. O Ministério do Interior chegou a pedir aos moradores da capital que não saíssem de suas casas e limitassem os deslocamentos de carros para evitar “pessoas armadas e com intenções agressivas”.
Além disso, o prefeito da cidade, Volodimir Makeienko, se desligou do partido do mandatário e disse estar disposto a fazer “qualquer coisa” para evitar mais mortes no país. Já a polícia de Transcarpátia, na região sul-ocidental da nação, declarou apoio aos protestos, fazendo até um “juramento ao povo” nos prédios e palácios ocupados pelos manifestantes.
UE – Em uma declaração conjunta, os ministros das Relações Exteriores dos Estados-membros da União Europeia (UE) afirmaram que os primeiros responsáveis pela situação atual da Ucrânia são Yanukovich e as autoridades do governo, de quem se espera “a iniciativa de retomar o diálogo” com os opositores.
Segundo a chanceler da Itália, Emma Bonino, o bloco também irá banir os vistos e congelar ativos financeiros daqueles que estão envolvidos com os episódios de violência. A lista com os nomes das pessoas afetadas pela medida deve ser divulgada nesta sexta-feira (21).
Além disso, a UE vai facilitar a emissão de vistos para a sociedade civil, feridos nos protestos e dissidentes. “A nossa prioridade é que a Ucrânia não exploda. A nossa posição é que com o poder vem a responsabilidade, então primeiro é culpa do governo. Mas também reconhecemos que existem grupos extremistas de vários tipos e não podemos fingir que não vemos”, acrescentou Bonino. Seguindo o exemplo do Reino Unido, a Itália convocará o embaixador ucraniano em Roma, Yevhen Perelygin, para prestar esclarecimentos.
Eleições – O premier da Polônia, Donald Tusk, chegou a dizer que Yanukovich tinha aceitado um acordo para antecipar as eleições presidenciais e parlamentares no país e criar um governo de unidade nacional nos próximos 10 dias. Contudo, o ministro das Relações Exteriores da França, Laurent Fabius, negou que isso tenha sido acertado até o momento e falou que as negociações estão “muito difíceis”. (Ansa Brasil)