REDAÇÃO DO JORNAL DA MÍDIA
Salvador – A declaração do secretário de Infraestrutura, Otto Alencar, de que houve “sabotagem” para que o ferryboat “Pinheiro” ficasse à deriva na Baía de Todos os Santos, foi repudiada pelo Sindicato Nacional dos Marinheiros e Moços de Máquinas, Paulo César Lindote. O sindicalista considerou uma ofensa aos trabalhadores marítimos as declarações de Alencar, que também é vice-governador da Bahia.
“É inadmissível que uma autoridade do governo da Bahia, um vice-governador, seja tão ofensivo aos trabalhadores, acusando os marítimos que atuam no sistema ferryboat da Bahia de promoverem sabotagem, sem sequer ter instalado ainda a sindicância para apurar os fatos. Ora, o Sr. secretário já antecipou que houve sabotagem. Isso é um absurdo, é uma acusação, e nós, que sabemos da responsabilidade do governo, que tem em sua essência a força do trabalhador, não aceitamos essa acusação e vamos tomar todas as providências cabíveis”, afirmou Lindote.
O sindicalista revelou ao JORNAL DA MÍDIA, por telefone, que vai entrar com uma queixa junto ao Ministério da Marinha e à Polícia Civil da Bahia exigindo que seja investigada a denúncia de sabotagem feita pelo vice-governador Otto Alencar.
“Não acreditamos, sinceramente, que em um governo dos trabalhadores, essas coisas (as declarações de Otto) aconteçam. É inadmissível que o trabalhador seja crucificado sem a comprovação de nada. Queremos e vamos exigir uma investigação completa. Isso é leviandade”, reforçou Lindote.
O presidente do Sindicato Nacional dos Marinheiros, entidade que tem 110 anos de atuação no setor marítimo, afirmou que se nada for comprovado contra os trabalhadores que estavam embarcados no ferry “Pinheiro”, o sindicato irá às últimas consequências contra o vice-governador Otto Alencar.
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Bomba-Relógio – O problema com o ferry “Pinheiro”, que ficou à deriva na segunda-feira, com imagens mostradas nacionalmente pelas redes de TV, na verdade já tinha acontecido no domingo, mas não com o mesmo teor de gravidade. O ferry teria chegado em Bom Despacho e ao tentar atracar o sistema de reversão falhou.
Na segunda-feira, o mesmo problema se repetiu, apesar de a empresa Internacional Marítima já ter sido avisada pelos tripulantes dos graves problemas. Os marítimos acusam a concessionário de descuidar na manutenção dos navios.
A presidente da Associação Comercial de Vera Cruz, Lenise Ferreira, fez uma declaração bombástica, ao citar documentalmente uma mensagem em SMS que recebeu dia 3 de janeiro de um marítimo, tripulante do “Pinheiro”:
“Dia 3 de janeiro recebi torpedo de um tripulante me recomendando para evitar viajar no Pinheiro pois, segundo ele, é uma bomba-relógio. Falei com Carlos Henrique da (diretor da Internacional Marítima) e obviamente, nada foi feito”, declarou.
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