Salvador – Os péssimos serviços prestados aos usuários do sistema ferryboat estão atingindo mais as pessoas com dificuldades de locomoção, que não estão tendo seus direitos de acessibilidade garantidos pela concessionária maranhense Internacional Marítima.
Na manhã desta segunda-feira (9), um grupo de cadeirantes se concentrou na saída de veículos do Terminal Marítimo de São Joaquim para protestar contra a empresa Internacional, contratada pela Secretaria de Infraestrutura e Agerba para substituir a TWB. Em março de 2014, a concessionária completa um ano à frente do sistema, cujos serviços pioraram consideravelmente, segundo as queixas dos usuários.
Com o protesto, os veículos desembarcados nos navios tiveram que sair na contra-mâo: foi improvisada uma saída emergencial pela pista de entrada dos carros.
“Estamos sendo obrigados a viajar no convés de veículos das embarcações. Nossos direitos de acesso com prioridade não são respeitados e a Internacional Marítima sequer nos recebe para dialogar. A ditadura se instalou no sistema ferryboat. A Agerba parece que abandonou de vez a fiscalização, porque procuramos seus prepostos no terminal e todos disseram que não podiam fazer nada, só a empresa”, informou Clebson Cruz, presidente da Associação dos Portadores de Deficiência de Itaparica.
Ele denunciou que a empresa demitiu mais de uma centena de funcionários, fechou guichês de venda de passagens e só coloca em tráfego duas ou três embarcações. “O serviço é caótica. Uma imoralidade o que está acontecendo, sem nenhuma providência do governo”.
Uma portadora de deficiência foi barrada na manhã desta segunda-feira quando tentava pegar um ferry de Bom Despacho para Salvador. Apesar de portar a carteira de passe, empregados da Internacional impediram o acesso, o que gerou o protesto de outros cadeirantes, já em Salvador.
Há três semanas, a presidente da Associação Comercial de Vera Cruz, Lenise Ferreira, entregou ao secretário de Infraestrutura, Otto Alencar, um documento com uma série de revindicações e sugestões para a melhoria do sistema. Esse mesmo documento também foi entregue ao Ministério Público da Bahia.
Convocada pelo grupo de cadeirantes, Lenise Ferreira estava hoje no Terminal de São Joaquim.
”Lamento que este desgoverno siga permitindo que alguém tão sem compromisso com o bem público e os com os direitos dos cidadãos, siga à frente de um órgão que tem como principal responsabilidade a fiscalização da qualidade dos serviços públicos de transporte, no caso a Agerba”, disse Lenise Ferreira ao se referir a Eduardo Pessoa, diretor-executivo da agência de regulação. A Agerba vem sendo muito criticada por ter deixado de fiscalizar o sistema desde que a Internacional Marítima chegou à Bahia.