REDAÇÃO DO JORNAL DA MÍDIA
O presidente da Companhia Baiana de Pesquisa Mineral, Alexandre Brust, prometeu aos funcionários que até esta sexta-feira (3) a empresa pagará os salários. Brust explicou aos servidores que a estatal está com dificuldades de caixa devido ao contingenciamento imposto pelo governo Wagner visando aliviar o déficit nas contas do Estado.
Explicou que a empresa está com zero no saldo de sua conta bancária na fonte “recursos próprios” e que foi obrigada a cortar várias despesas, entre as quais o financiamento de cursos de capacitação para os servidores.
As explicações de Brust para os servidores foram dadas na última terça-feira, depois que o JORNAL DA MÍDIA divulgou a matéria Governo Wagner começa a atrasar salários dos servidores públicos. A matéria continua tendo grande repercussão entre o funcionalismo público da Bahia, sendo reproduzida por dezenas de comunidades na rede social Facebook e por sites de notícias, inclusive pelo blog Mais, do portal UOL.
Descontentamento
Comenta-se nos bastidores que Alexandre Brust teria caído em desgraça com setores do governo Wagner após as críticas que fez, em 14 de agosto, ao programa de contingenciamento decretado pelo governador em 2 de agosto. Na oportunidade, em entrevista à imprensa, Brust afirmou que os trabalhos da empresa e o pagamento de fornecedores seriam prejudicados devido à falta do repasse.
Alexandre Brust oficializou o seu descontentamento em ofício enviado ao Tribunal de Contas do Estado. “O tesouro estadual não tem liberado as cotas de empenho, nem mesmo o mínimo necessário para as atividades de prospecção e pesquisa da companhia”, detonou Brust, que é presidente da CBPM por indicação do PDT, partido da base do governo.
No mesmo documento ao TCM, Brust deixou claro que em função dos cortes, a CBPM “deixará de atingir as metas previstas na programação do orçamento, uma vez que não consegue empreender viagens de acompanhamento de sondagem e operações de pesquisa”.
Agerba Atingida
Além da CBPM, várias autarquias do Governo do Estado que têm recursos próprios estão com suas atividades comprometidas. A exemplo da CBPM, a Agerba (Agência de Regulação da Bahia) suspendeu praticamente todas ações voltadas para cumprir o seu papel elementar de fiscalizar o transporte intermunicipal de passageiros. As diárias dos fiscais foram cortadas, além de outras despesas operacionais, atingidas em cheio pela crise financeira sem precedentes do Estado da Bahia, que vem ocorrendo desde o início do segundo mandato de Jaques Wagner.
Segundo informações de fontes da Agerba ao JM, o pagamento de salários dos servidores ainda não foi afetado. Mas a diretoria do órgão já teria levado ao vice-governador Otto Alencar, secretário de Infraestrutura, a preocupação com os cortes de despesas do pacote de Wagner. Internamente, um diretor da agência teria afirmado que as atividades da autarquia estavam comprometidas . Lamentou a falta de autonomia do órgão e chegou a comentar que Alexandre Brust estava certo.
Tamanho do Rombo
Nos Demonstrativos de Disponibilidade de Caixa das Gestão Fiscal de 2011 do Estado, o saldo na fonte 100, antes do saldo dos restos a pagar, foi de um déficit de pouco mais de R$ 2 bilhões. Em 2012, este saldo foi de déficit de pouco mais de R$ 2,188 bilhões.
Em entrevistas depois de ter anunciado o pacote de cortes, o governador Jaques Wagner chegou a afirmar que o maior culpado dessa crise foi a diminuição dos impostos da chamada linha branca [eletrodomésticos], que impactou as finanças do Estado. Wagner disse ainda que um dos motivos também foi o aumento do custeio dos novos hospitais e a crise financeira mundial.
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