O comércio exterior brasileiro nunca esteve tão mal. Dados divulgados ontem pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) mostram que a balança registrou, nos sete primeiros meses de 2013, um déficit no valor de US$ 4,989 bilhões, o maior da história para o período. Como a série começou em 1993, o resultado é o pior dos últimos 20 anos. As exportações acumuladas somaram US$ 135,230 bilhões, com queda de 1,5% em relação ao mesmo período de 2012, enquanto as importações atingiram US$ 140,219 bilhões, um crescimento de 10%.
Em julho, a balança comercial brasileira teve déficit de US$ 1,897 bilhão, também o maior já registrado no mês. O valor é resultado da diferença entre US$ 22,704 bilhões em importações e US$ 20,807 bilhões em exportações. As vendas externas caíram 5,2% ante julho de 2012 e as compras no exterior subiram 19,7%. Outro recorde foi batido pela média diária importada, de US$ 987,1 milhões.
Mais uma vez, o governo responsabilizou a conta-petróleo pelo fraco desempenho da balança comercial. De acordo com a secretária de Comércio Exterior, Tatiana Prazeres, no período de janeiro a julho, a diferença entre exportações e importações de petróleo e derivados resultou num saldo negativo de US$ 15,442 bilhões, mais do que o triplo do déficit contabilizado nos sete primeiros meses de 2012, de US$ 4,170 bilhões. Para o MDIC, se não fossem essas operações, o Brasil teria um superávit de US$ 10,4 bilhões.
Ele observou que a redução do imposto de importação para uma lista de cem insumos utilizados pela indústria de transformação não busca reduzir o déficit comercial.
— Ela (a redução do imposto) vai ajudar a diminuir a inflação. Agora, quero dizer que a inflação está totalmente sob controle, como sempre esteve — disse Mantega, que citou números do Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S) da Fundação Getulio Vargas (FGV) para justificar a sua avaliação.
— A inflação está controlada, está caindo e caindo para um patamar bastante baixo. Portanto, não foi por isso que tomamos essa medida (de reduzir o imposto). Nas é claro que vai ajudar a baixar preços. Essa medida ajuda a diminuir o impacto do câmbio na inflação — afirmou.
Apesar dos números negativos da balança, Tatiana ainda aposta em superávit em 2013. Segundo ela, a valorização do dólar ante o real tem influenciado positivamente as vendas externas, sobretudo ao mercado americano, que tem comprado mais produtos dos setores de construção civil, celulose, etanol, milho e suco de laranja. (O Globo)