Alçada à condição de candidata à reeleição pelo PT com mais de um ano de antecedência, a presidente Dilma Rousseff incorporou de vez o papel e vem imprimindo mudanças nos discursos e na rotina de trabalho. Discursos burocráticos e modorrentos começam a dar lugar a textos mais leves, com tiradas no estilo do ex-presidente Lula, como o uso de diminutivos, referências aos hábitos das pessoas mais simples e até tiradas de futebol. As reuniões técnicas e exaustivas no gabinete são, aos poucos, substituídas por viagens pelo país, com foco no Nordeste, e por eventos abertos no Palácio do Planalto, com maior exposição da presidente. Na semana passada, por exemplo, Dilma teve eventos públicos de segunda a sexta-feira.
Depois da cadeia nacional de rádio e televisão, dia 8, em homenagem à mulher, a presidente abriu a semana no topo da rampa do Planalto, para receber o primeiro-ministro neo-zelandês, John Key, mas depois se dedicou à pauta doméstica: passou por Alagoas para inaugurar o trecho do canal do sertão, usou o programa de rádio para falar sobre as medidas do governo para enfrentar a seca no Nordeste — a maior dos últimos 50 anos — e promoveu novos eventos com políticas para as mulheres, para os consumidores, e para a área de ciência e tecnologia. Na fala sobre a seca, no rádio, lembrou o antecessor, ao usar diminutivos:
— Vamos ter um programa de recuperação de todas as criações, de todos os rebanhos do pequeno, do médio e do grande agricultor do semiárido. Nós vamos recompor as matrizes, nós vamos recompor os bodezinhos, as cabrinhas, os bois, nós vamos recompor as galinhas que foram perdidas.
Ao longo da semana, a presidente ainda lançou um programa voltado para as mulheres, com foco no combate à violência, que ela quer varrer no país. Passou 30 minutos tirando fotos com as presentes, com um sorriso nos lábios e disposição para distribuir beijos e abraços. A própria presidente, vendo a fila de mulheres barradas pelos seguranças, as chamava para as fotos.(Luiza Damé e Catarina Alencastro, O Globo)