Um dia depois da condenação dos dirigentes petistas pelo Supremo Tribunal Federal (STF), o diretório nacional do partido se reuniu nesta quarta-feira, com a presença de dois dos réus, o ex-ministro José Dirceu e o ex-presidente do PT José Genoino, e decidiu que uma eventual reação do partido ao julgamento do mensalão só será feita depois do segundo turno das eleições. O PT está em campanha em 22 cidades, sendo seis capitais, entre elas São Paulo. Ex-presidentes do PT, Dirceu e Genoino participaram da reunião do diretório e foram aplaudidos pelos companheiros de partido.
— O importante agora são as eleições — disse Dirceu ontem aos dirigentes petistas.
Em resolução divulgada após a reunião, os dirigentes sequer citam o nome dos políticos condenados e não contestam a decisão dos ministros do Supremo. Eles criticam o uso do julgamento por seus adversários, afirmando que o objetivo do processo é “criminalizar o PT”. Em texto de oito parágrafos, destinaram apenas um para tratar do tema:
“Nosso desempenho nas eleições municipais ganha ainda maior significado quando temos em conta que ele foi obtido em meio a uma intensa campanha promovida pela oposição de direita e seus aliados na mídia cujo objetivo explícito é criminalizar o PT. Não é a primeira nem será a última vez que os setores conservadores demonstram sua intolerância; sua falta de vocação democrática, sua hipocrisia, os dois pesos e medidas com que abordam temas como a liberdade de comunicação, o financiamento das campanhas eleitorais, o funcionamento do Judiciário; sua incapacidade de conviver com a organização independente da classe trabalhadora”, diz o texto.
Mais adiante, os dirigentes concluem: “aos ataques e manipulações contraporemos a defesa enfática de nosso projeto estratégico”, deixando claro que o partido ainda não decidiu abraçar a defesa da inocência de José Dirceu ou mesmo a tese defendida na terça-feira por ele, segundo a qual teria sido vítima de um “julgamento de exceção” e sem contar com a “presunção da inocência”. (Tatiana Farah e Thiago Herdy, O Globo)