REDAÇÃO DO JORNAL DA MÍDIA
A intervenção no sistema ferryboat, explorado pela concessionária paulista TWB, pode ser decretada no início da próxima semana – segunda ou terça-feira -, segundo garantiu hoje (19) o governador Jaques Wagner. Ele acrescentou que o governo, através da Agerba, não podia fazer a intervenção ”de uma hora para outra, na doida” porque precisava se preparar o processo, com a definição das equipes que vão atuar e a escolha da empresa que vai assumir o sistema em caráter emergencial.
Na entrevista à TV Record, Wagner tentou aliviar o desespero dos donos da TWB. Disse que a empresa foi a ”melhorzinha” das três que passaram pelo ferryboat. Na verdade, quem conhece do assunto não tem dúvida: foi a piorzinha. Como considerou Eduardo Pessoa, diretor da Agerba: “A TWB é uma tragédia anunciada”.
Wagner deixou claro que com a TWB o diálogo realmente deixou de existir, reafirmando o que Eduardo Pessoa, diretor-executivo da Agerba, tinha anunciado há uma semana em debate na Comissão de Infraestrutura da Assembleia Legislativa.
O governador explicou que o dono da TWB, Pinto dos Santos, esteve em seu gabinete, e já foi informado da situação.
“Quando uma relação não está boa, é melhor o rompimento. É assim que acontece no casamento. É uma coisa normal”, observou o governador.
Wagner admitiu que a questão do rompimento do contrato pode acabar na Justiça. Mas disse ter a convicção de que a TWB não terá direito a nada, já que a Agerba se cercou de todas as garantias e concedeu todos os prazos e direitos possíveis para a TWB se manifestar sobre a necessidade de investimentos imediatos na melhoria do sistema ferryboat. E a TWB, concretamente, nada esclareceu.
Foi a falta de investimento, aliás, que levou o sistema ao fundo do poço. A TWB, que tem um contrato de 25 anos assinado no governo de Paulo Souto, diz que vai pedir R$ 196 milhões de indenização. A empresa já admite, hoje, que está fora do sistema.
Eduardo Pessoa, diretor da Agerba, que, aliás, foi elogiado pelo governador pelo trabalho que desenvolveu em cima da TWB, acha que a concessionária paulista não vai levar um centavo sequer do Estado – ”ela, a TWB é quem deve muito à Bahia”.
E deve mesmo, por muitos motivos, alguns de extrema gravidade, como:
1. Sucateamento completo das embarcações, com enormes prejuízos ao Estado.
2. Falta de investimento;
3. Desaparecimento de equipamentos do patrimônio público em seu poder (duas balsas de apoio);
4. Não pagamento de multas (mais de R$ 6 milhões);
5. Superfaturamento dos ferries “Ivete Sangalo” e “Anna Nery”;
6. Sonegação dos números reais sobre o transporte de passageiros e veículos no sistema (os números da TWB eram 20% inferiores aos da Agerba, que quer saber qual era o destino dos 20% de faturamento não contabilizados);
7. Péssimo atendimento aos usuários;
8. Não cumprimento de diversas cláusulas do contrato de concessão.
Esses são apenas algumas das inúmeras irregularidades detectadas pela Agerba, através de uma auditoria feita pela consultoria Fipecafi, de São Paulo.
O governador Wagner disse até – talvez para aliviar um pouco o desespero que tomou conta dos donos da TWB -, que a concessionária das três letrinhas foi a ”melhorzinha” entre às três que passaram pelo ferryboat – as outras duas foram a Comab e Kaimi.
Não foi não, Wagner. Foi a piorzinha, sem nenhuma dúvida. As outras duas não causaram tanto estrago na Bahia. A TWB é unanimidade em termos de serviço de péssima qualidade. Demonstrou incapacidade e incompetência operacional para gerir o sistema. A população está aí e pode ser consultada. Vamos virar essa página depressa.