Escutas telefônicas da Operação Monte Carlo, feitas pela Polícia Federal, revelam que o empresário Carlinhos Cachoeira negociava um software para burlar licitações feitas por pregão eletrônico.
O dispositivo foi classificado de infalível pelo grupo do empresário, em conversas gravadas pela PF, às quais a Folha teve acesso.
Em escuta de março de 2011, Cachoeira trata da aquisição do software com o ex-diretor da empreiteira Delta no Centro-Oeste Claudio Abreu. Ele afirma que o grupo ganharia “tudo quanto é licitação” com o dispositivo, que, diz Cachoeira, funcionaria por meio de uma maleta.
Não fica claro na conversa como seria o funcionamento do programa nem o papel da maleta para influenciar os pregões, feitos a partir de lances dados pela internet.
O uso do sistema para fraudes em licitações já foi identificado pelo Tribunal de Contas da União (TCU) e pelo Ministério do Planejamento.
Os órgãos descobriram que o programa identificava os lances dos oponentes e, de maneira quase imediata, dava lances um pouco menores, facilitando a vitória.
Por isso, em dezembro de 2011, o governo editou portaria para impedir que fossem feitas propostas em menos de 20 segundos após um lance.(Matheus Leitão e Andreza Matais, Folha de São Paulo)