Flávia Villela
Agência Brasil
Rio de Janeiro – A violência contra a mulher continuou crescendo no estado do Rio de Janeiro em 2011, conforme atestou o Instituto de Segurança Pública do Rio (ISP), na sétima edição do Dossiê da Mulher, divulgado hoje (14). As mulheres foram a maioria das vítimas dos crimes de ameaça (66,8%), lesão corporal dolosa (64,5%) e estupro (82,6%).
Dentre as edições da série, iniciada há seis anos, houve aumento no número de notificações de violência contra a mulher desde 2009, com exceção de homicídio doloso que caiu em 2010 e voltou a crescer no ano passado (de 6,3% para 7,1%).
Entre 2010 e 2011, o número de notificações de casos de estupro de mulheres aumentou 7,2%, com uma média de 335 vítimas por mês. Entre as vítimas de ameaças, os casos aumentaram 8,6% no mesmo período e 7,2%, no caso de lesão corporal dolosa.
O diretor-presidente do ISP, coronel Paulo Teixeira, avaliou que a tendência em relação aos crimes contra a mulher tem sido a mesma desde o início do levantamento, o que exige uma reflexão profunda por parte da sociedade. No entanto, segundo ele, o aumento das notificações também significa maior conscientização por parte das mulheres e a presença de estruturas públicas de apoio mais bem preparadas e de melhor acesso.
“O aumento das notificações tem mostrado um aumento da confiança por parte do cidadão nesse sistema que envolve polícia, Judiciário e assistência social. Além disso, existem diversas instituições que participam na redução dessa violência, campanhas de esclarecimento ao público”. Teixeira reconheceu que é preciso ampliar mais a rede de apoio, mas justificou que o processo é lento e demanda estudos e estratégias adequadas.
Os homicídios dolosos, aquele em que é caracterizada a intenção, tiveram aumento de 1,3%, com uma média mensal de 25 mortes. O estudo mostra ainda que a maior parte dos atos de violência aconteceu na casa da vítima e foi cometida por parentes. A coordenadora da pesquisa, major Cláudia Soares, disse que os dados chamam a atenção para as especificidades da violência praticada contra a mulher e revelam que a rua, às vezes, é mais segura do que a própria casa.