Embora a presidente Dilma Rousseff viva repetindo que a CPI do caso Cachoeira é um assunto do Congresso e que o Palácio do Planalto não irá interferir de forma alguma no andamento das investigações, o governo está acompanhando muito de perto o que se passa na comissão.
Um assessor da Secretaria de Relações Institucionais (SRI) com vasta experiência em CPIs chegou a ser escalado para a função, mas por ser muito próximo da ministra Ideli Salvatti, a estratégia agora é que ele fique trabalhando apenas nos bastidores. Trata-se de Paulo Argenta, o subchefe de Assuntos Parlamentares da secretaria.
A maior preocupação do Planalto é que complicações da Delta Construtora no esquema de Cachoeira acabem respingando no governo.
Ele é o braço direito de Ideli desde a época das CPIs dos Bingos e dos Correios, entre 2005 e 2006, quando ocupava o cargo de assessor político da então senadora. Era ele quem municiava a chefe com informações e análises sobre as investigações.
No caso da CPI do Cachoeira, ele vem fazendo o mesmo trabalho que fez durante as investigações do escândalo do mensalão, mas desta vez se afastou fisicamente das salas da comissão para que a digital do Planalto não fique tão marcada no Congresso.
A subchefia de Assuntos Parlamentares (Supar) da Secretaria de Relações Institucionais tem como missão acompanhar a discussão de matérias que tramitam na Câmara e no Senado e conta com 30 servidores e Argenta na chefia.
Como parte de suas atribuições, ele cuida da liberação das emendas dos parlamentares ao Orçamento da União e dos assuntos de interesse do governo no Congresso. Com o início da CPI do Cachoeira, Argenta e mais um assessor da Supar começaram a monitorar os trabalhos.
Argenta conversa com parlamentares da base aliada que são membros da comissão e repassa a eles as orientações de Ideli, com quem despacha regularmente. Também faz o caminho inverso, trazendo para o Planalto informações sobre os rumos das investigações.
Embora não queira aparecer como regulador das investigações, o governo também não quer ser pego de surpresa com decisões da CPI. (Catarina Alencastro e Luiza Damé, O Globo)