Especialistas ouvidos pelo GLOBO lamentaram a troca de farpas entre os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) Joaquim Barbosa e Cezar Peluso, mas acreditam que as “picuinhas pessoais” não comprometerão o iminente julgamento do mensalão. Dois dias depois de ser chamado de inseguro e dono de “temperamento difícil” por Peluso, Barbosa, hoje vice-presidente da Corte, respondeu de forma ríspida. Em entrevista ao GLOBO, chamou o agora ex-presidente do STF de “ridículo”, “brega”, “caipira”, “corporativo”, “desleal”, “tirano” e “pequeno”. Disse, ainda, que Peluso manipulou resultados de julgamentos de acordo com seus interesses.
– É de se lamentar o barraco no Supremo. Causa profunda surpresa, para não dizer indignação, a declaração do ministro Joaquim de que o ministro Peluso manipulava resultados de julgamentos. Ele pode ter todos os defeitos do mundo, menos este. O ministro Peluso revelou-se muitas vezes exasperado e até autoritário, mas honestidade não lhe falta.
Toron, no entanto, acredita que as divergências não devem comprometer o julgamento do mensalão e que a presidência de Ayres Britto “será a do permanente diálogo com as instituições”.
– Está longe de ser um liberal em matéria penal, mas compensa isso nas questões sociais – diz Toron.
Na opinião do também jurista Wálter Fanganiello Maierovitch, o episódio envolvendo a briga dos ministros é um dos mais degradantes da história Corte.
– Ambos estão desorientados e conquistaram um lugar cativo nas torcidas organizadas do futebol. Peluso peca pelo destempero e Barbosa, pelo excesso de retorsão.
– Com essa entrevista ao GLOBO, Barbosa dá um tiro no próprio pé, atingindo não só ele como também os outros ministros do STF. Se Peluso manipulava resultados de julgamentos, então ele e todos os ministros sabiam e nada fizeram? – questiona o jurista. (O Globo)