O índice de Intenção de Consumo das Famílias (ICF), da Fecomércio-BA, segue na sua tendência de crescimento com alta de 7,2% em dezembro, a quinta seguida, ao passar dos 72,5 pontos em novembro para os atuais 77,7 pontos, patamar mais alto desde maio. Os consumidores de Salvador ficaram animados com o bom momento de fim de ano, com a melhora do mercado de trabalho, da injeção do 13º salário, das oportunidades de compras da Black Friday e do Natal. A Fecomércio-BA projetou um aumento nas vendas de 2,4% no mês mais importante para o varejo, dezembro.
Todos os sete itens avaliados pelo ICF tiveram crescimento em dezembro, com destaque para o Acesso a Crédito que avançou 7,7% e alcançou os 107,4 pontos, o único que está na área de satisfação, acima dos 100 pontos. Isso significa que as famílias de Salvador em sua maioria estão considerando que está mais fácil pegar empréstimos para compras a prazo.
De acordo com o economista Guilherme Dietze, isso é reflexo de um mercado de trabalho relativamente mais aquecido. Ou seja, os consumidores estão com menos risco do não pagamento dos compromissos feitos. Tanto que os itens Emprego Atual (84,4 pontos) e Perspectiva Profissional (98,1 pontos) subiram respectivamente 7,3% e 13,6%.
O item Momento para Duráveis registrou alta mensal de 8,3% ao passar dos 32,4 pontos em novembro para os 35 pontos em dezembro. “Embora a variação tenha sido expressiva, uma grande maioria das famílias ainda considera um mau momento para comprar produtos como geladeira, fogão, televisor etc. A melhora relativa se deu por ocasião da Black Friday”, analisa o economista.
Com o auxílio emergencial e o 13º salário influenciaram para alta do item Renda Atual, de 6,8% ao atingir os 83,2 pontos. Guilherme Dietze ressalta que o benefício tem o seu término para o final deste mês e as famílias terão que consumir através da renda do trabalho ou vão ter que buscar forma de ampliar a renda do domicílio.
Avanço do consumo é lento
Embora tenha aumentado a segurança no emprego, na renda e crédito, o consumo ainda avança a passos lentos. O Nível de Consumo Atual passou dos 61 pontos em novembro para os atuais 61,2 pontos, ou seja, tecnicamente estável. Já o item Perspectiva de Consumo subiu 4,7% e bate nos 74,5 pontos.
“Esse movimento de cautela em gastar pode estar ligado exatamente porque o início de ano as famílias terão dificuldades de manter o padrão de compras, sobretudo com a inflação de alimentos subindo de forma expressiva. Quando o orçamento é apertado e os consumidores tendo que reduzir gastos de transporte, lazer, para comprar o mesmo litro de óleo que dobrou de preço, ou do arroz que ficou nas alturas, naturalmente aumenta o frio nos gastos gerais”, explica Dietze.
Segundo o assessor econômico da Fecomércio-BA, “está havendo uma rápida expansão dos casos e de mortes, o que deve voltar a ter restrições nas grandes cidades a partir de janeiro e volta todo o receio de viver como nos meses de abril e maio, em meio ao isolamento. Embora, neste momento, há muito mais informações sobre como lidar com o vírus do que há nove meses”.
A Fecomércio-BA, alerta que os dados do ICF de dezembro não podem levar ao entendimento do otimismo exagerado. Pelo contrário. A situação é delicada, há muitas incertezas sobre como será o início de 2021 com a nova onda e seus impactos na atividade econômica.