Primeiro maior produtor mundial de algodão, terceiro em volume de exportações e sétimo maior importador global da pluma, a Índia é um dos mercados que estão no radar da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), em termos de possibilidade de expansão da presença do produto nacional. A meta da entidade é, ainda neste ano comercial, dobrar o market share naquele país, que, hoje, é de 6%.
Como parte da estratégia para isso, a Abrapa realizou ontem (10) uma reunião com o corpo diplomático no Brasil em Nova Délhi, junto com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) e a Associação Nacional dos Exportadores de Algodão (Anea).
O encontro contou com a presença do embaixador no Brasil na Índia, André Correa do Lago, e do adido agrícola Dalci Bagolin, dentre outros, e é parte das ações do projeto Cotton Brazil, empreendido pela Abrapa e Governo Federal (Apex-Brasil /MRE), com participação da Anea, que, dentre diversas iniciativas, contempla o primeiro escritório de representação do algodão brasileiro na Ásia, aberto na cidade de Singapura.
De acordo com o presidente da Abrapa, Milton Garbugio, a reunião foi a primeira de uma série que está sendo agendada com os representantes diplomáticos do do Brasil nos países-chave para as exportações da pluma nacional.
“Queremos mostrar as etapas do projeto Cotton Brazil e alinhar nossas ações para que esta iniciativa seja bem-sucedida. Temos tudo para isso, qualidade, volume de produção, constância no fornecimento e certificação de sustentabilidade fardo a fardo. Precisamos mostrar isso para o mundo para ganhar mercado”, afirmou Garbugio.
O projeto Cotton Brazil, de promoção da fibra brasileira no mercado Asiático, tem como meta tornar o país o primeiro do ranking global de exportações em 2030. Hoje o Brasil ocupa o segundo lugar, precedido pelos Estados Unidos.
Para o diretor de Relações Internacionais da Abrapa, Marcelo Duarte, o fato de a Índia ser atualmente uma praça pouco representativa nas exportações brasileiras de algodão cria grandes oportunidades.
“Temos alguns desafios. O primeiro, que já está sendo superado, é a sazonalidade. Tradicionalmente, o pico das exportações indianas coincide com o topo do período de embarques do Brasil. Agora, com a safra aqui em torno de três milhões de toneladas, estamos exportando o ano inteiro. Ou seja, somos fornecedores de doze meses”, explicou.
Outra questão que está sendo trabalhada através do projeto Cotton Brazil é a qualidade percebida do algodão brasileiro.
“Embora, tecnicamente, em termos de características intrínsecas, quase não existem diferenças entre o algodão americano e o brasileiro, há uma grande distorção de imagem. Isso só se modifica com um trabalho de promoção arrojado”, afirmou Duarte.