Alvaro Dias se recorda bem das promessas de Jair Bolsonaro, seu adversário na eleição de 2018, de que seria implacável no combate à corrupção. Hoje, diz que o primeiro ano de governo foi “pífio” nessa agenda.
Em entrevista à coluna de Guilherme Amado, do site da revista Éppoca, Dias afirmou que, na contramão dessa tendência, Sergio Moro seria o candidato natural do Podemos à Presidência, caso o ministro se filie ao partido.
“Ele é a autoridade mais popular do país, pela sua trajetória como juiz, e não no governo Bolsonaro”.
Mas, por enquanto, o senador jura que não formalizou um convite a Moro:
“Ele já tem uma relação tumultuada com Bolsonaro. Não queremos dificultar mais”.
Como está o combate à corrupção na gestão Bolsonaro?
Pífio e frustrante. O combate à corrupção foi a prioridade absoluta nas campanhas eleitorais. Mas alguns se esqueceram disso. Bolsonaro fulminou o Coaf e a Receita Federal, fez substituições na Polícia Federal. A Lava Jato era mais forte institucionalmente no governo Temer, que era denunciado duas vezes por corrupção pela PGR [Procuradoria-Geral da República], do que hoje. Naquele tempo, Polícia Federal, Ministério Público e Receita Federal eram instituições independentes, autônomas e que não recebiam ameaças. Estamos caindo no ranking da Transparência Internacional. Tivemos retrocessos imperdoáveis. Suspeito de uma conspiração dos Três Poderes contra a Lava Jato.
O senhor continuará trabalhando pela CPI da Lava Toga?
Vamos nos reunir na próxima semana para discutir as pautas deste ano. Mas vamos colocar como prioridade o fim do foro privilegiado e a prisão em segunda instância. Houve uma estratégia para atrasar a aprovação no Congresso da prisão em segunda instância. O próprio líder do governo agiu para estancar a tramitação no Senado, e evitar que a pauta fosse direto para a Câmara. Também precisamos preencher os vazios deixados pelo pacote anticrime, especialmente em crimes contra a Administração Pública. Relatei há anos um projeto aprovado aqui no Senado que tornava corrupção um crime hediondo. Ainda não recebeu aval da Câmara