O ministro da Justiça, Sergio Moro , deve aguentar calado derrotas e desautorizações públicas a que vem sendo submetido pelo presidente Jair Bolsonaro . O chefe do Executivo terá que assumir o desgaste de demitir o ministro mais popular da Esplanada se quiser ver Moro fora do governo e, claro, explicar os motivos da demissão. Quem diz isso são pessoas que convivem com o ministro, segundo informa o jornal O GLOBO, em reportagem de Jailton de Carvalho.
Na quinta-feira, mesmo depois das declarações de Bolsonaro sobre a possibilidade de trocar o diretor-geral da Polícia Federal (PF), Maurício Valeixo, Moro manteve a agenda sem qualquer alteração. Participou de duas solenidades e várias reuniões com auxiliares e com parlamentares. Reservado, o ministro não explicitou críticas ou queixas.
Os atritos entre Bolsonaro e Sergio Moro
Decreto de armas
No primeiro mês de gestão, o presidente Jair Bolsonaro editou decreto para flexibilizar o porte e a posse de armas sem pareceres técnicos do Ministério da Justiça. Moro mostrou desconforto sobre o projeto e disse que a medida não era política de segurança pública.
Indicação de Ilona Szabó
Moro indicou a cientista política Ilona Szabó como suplente para o Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária.A militância bolsonarista nas redes sociais reagiu, e o ministro foi obrigado a recuar e desfazer o convite após telefonema de Bolsonaro.
O pacote anticrime
Principal projeto de Moro, o pacote anticrime sofreu desidratações na Câmara dos Deputados e não recebeu o apoio esperado de Bolsonaro. O presidente chegou a defender que Moro desse uma “segurada” no projeto para não causar “turbulência” às reformas.
Mudanças no Coaf
Moro queria o Coaf na Justiça, mas foi derrotado na Câmara com o aval de Bolsonaro para que o órgão voltasse para a Economia. Em um novo revés do ministro, o chefe do Coaf, Roberto Leonel, indicado pelo ex-juiz, perdeu o cargo após pressões do presidente.
Interferências na Polícia Federal
Após a troca do chefe da Polícia Federal no Rio e a tentativa de nomear outro superintendente, Bolsonaro disse que pode mudar o diretor-geral da PF, Maurício Valeixo, escolhido pelo ministro. O presidente fez questão de afirmar que ele é o responsável pela indicação, não Moro.