A vocalista da banda de forró Sala de Reboco, Joelma Rios, que também foi baleada na ação da Polícia Militar que terminou com a morte da dançarina Gabriela Amorim, 25 anos, na madrugada desta sexta-feira (5), em Irecê, disse que o carro que iniciou a perseguição não sinalizou para que eles parassem.
“O veículo que iniciou a perseguição não identificou que era da polícia, não ligou sirene, não deu alerta para que a gente parasse, nada. Até porque a gente não cometeu nada ilícito. Mas ficamos com medo e mandamos o motorista fugir”, revelou Joelma Rios, em entrevista ao jornal Correio.
A versão é diferente da que foi apresentada pela Polícia Militar, que afirmou ter atirado após o grupo furar dois bloqueios policiais em Irecê, enquanto transitava em alta velocidade e na contramão.
Joelma disse que, em um determinado momento, eles pensaram que a perseguição tinha acabado. Mas, quando voltaram para a avenida que dá acesso à saída de Irecê, foram surpreendidos com duas barreiras da PM.
“Eles deram 38 tiros”, afirmou a cantora. “Saí desesperada gritando que éramos músicos, o sanfoneiro ficou com uma fratura exposta na perna. Foi uma atitude impensada e despreparada”, declarou.
Nesta sexta, Joelma, que foi baleada nas nádegas, prestou depoimento à Polícia Civil. Segundo o delegado Almir Fernandes dos Santos, coordenador da 14ª Coordenadoria de Polícia do Interior (Corpin/Irecê), o caso é investigado como homicídio. Também nesta sexta, os policiais envolvidos na ação foram ouvidos.
Havia cinco pessoas na picape Hilux SW4 preta e com vidros escuros. Segundo a polícia, por volta da 0h30 desta sexta-feira, o veículo seguia em direção perigosa em Irecê, no centro-Norte da Bahia, andando em alta velocidade e pela contramão. Isso teria levado a viatura a iniciar uma perseguição.
Os policiais desconfiaram que o veículo poderia ser de assaltantes de banco e, então, reforços foram chamados e mais duas viaturas montaram barreiras em dois pontos do centro da cidade. Contudo, o motorista do veículo continuou com a direção perigosa.
Na segunda barreira, os policiais resolveram atirar contra o carro, logo depois de o mesmo não parar. A picape era conduzida por Claudio Pereira Bastos, que foi preso em flagrante por direção perigosa e embriaguez ao volante.
De acordo com o delegado Almir Fernandes dos Santos, nas três viaturas estavam cerca de 10 policiais da Rondesp, unidade de rondas especiais da Polícia Militar da Bahia. Estima-se que tenham sido dados mais de 30 tiros.
Fonte: Correio