O que você faria se tivesse com a reputação no lixo, fosse considerada a empresa mais corrupta do mundo e tivesse que se reerguer em meio à maior recessão da história?
A Odebrecht, que passa pela mais grave crise em 72 anos, tem dois ou três planos para tentar superar essa fase, que inclui a troca do nome do grupo, a redução dos negócios em até 60% e a disseminação da ideia de que errou ao subornar políticos, mas mantém a excelência técnica.
A informação é do jornal Folha de São Paulo deste domingo (15), em reportagem de Mario Cesar Carvalho e Wálter Nunes. De todos os planos, a troca de nome é o mais polêmico pelos riscos embutidos. A unificação da marca Odebrecht em quase todos os negócios do grupo ocorreu em 2013 por decisão de Marcelo Odebrecht, herdeiro do grupo preso em Curitiba.
Segundo um executivo que participou do processo, foi uma ”decisão imperial” porque havia vários especialistas contra a unificação, justamente pela má reputação que a empreiteira tinha por causa do envolvimento em sucessivos escândalos, como os que ocorreram no governo de Fernando Collor, em 1992, na manipulação do Orçamento federal, em 1993, e as suspeitas de que o então presidente Fernando Henrique Cardoso beneficiara o grupo em 1998.
O próprio FHC fala em seu livro de memórias que o grupo ”tem um nome tão ruim”, mas elogia Emílio Odebrecht, presidente do grupo quando o texto foi escrito, em 1995.
Ana Couto, uma das maiores especialistas em marcas no Brasil, participou desse processo porque cuidava de uma empresa da área de saneamento do grupo (a Foz), e foi contrária à medida.
”Essa estratégia monolítica é muito arriscada: você fortalece o grupo como um todo, mas, quando dá um problema, a imagem cai como um castelo de cartas”. Segundo ela, havia um problema adicional porque o nome escolhido ”já carregava a má reputação e carga antipática típica das empreiteiras”.
Fonte: Folha de São Paulo/Mario Cesar Carvalho e Wálter Nunes