Falta uma medalha para que Isaquias Queiroz se torne o primeiro brasileiro a subir três vezes ao pódio em uma só edição de Jogos Olímpicos. E se depender das eliminatórias desta sexta-feira (19.8), na prova C2 1000m da canoagem velocidade, o baiano de Ubaitaba está próximo de fazer história.
Ao lado de Erlon Souza, Isaquias venceu a primeira bateria da prova com o tempo de 3min33s269, e passou direto para a disputa da final, marcada para este sábado (20.8), às 9h22, na Lagoa Rodrigo de Freitas. Os brasileiros ficaram com o melhor tempo das eliminatórias, superando os alemães Sebastian Brendel e Jan Vandrey, principais adversários na luta pelo ouro, que marcaram 3min33s482, venceram a segunda bateria e também passaram para a decisão sem disputar a semi.
“Tinha muito vento e onda atrapalhando a remada encaixar, mas mesmo assim a gente conseguiu chegar na frente. Nossa previsão para ganhar medalha é baixar de 3min30s e acho que amanhã a gente pode correr bem mais do que a gente correu hoje”, opinou Isaquias.
Embora venha em uma maratona de competições, ele garante que está se sentindo bem para buscar mais uma medalha neste sábado. “Não estou cansado. Acho que a Olimpíada está com um cronograma bom para eu remar as três provas. E aqui nem se compara com o treinamento que a gente fez lá em Lagoa Santa, porque aquilo lá, nossa, chegava no sábado e a gente estava acabado e mesmo assim conseguia fazer um ótimo treino. Nosso melhores treinos, meu e do Erlon, eram no sábado, e isso mostra que a gente pode ganhar amanhã. Agora é descansar”, completou.
Erlon também vai entrar na água com a confiança em alta. “A gente tem muita fé de que vai vir essa medalha. A gente é campeão mundial, sabe do nosso potencial e vamos batalhar muito nesse barco duplo”, afirmou, lembrando da conquista em Milão, no ano passado.
Também baiano como Isaquias, mas nascido em Ubatã, Erlon diz que o fato de saber que há gente torcendo por ele não só em sua cidade natal, mas em todo o Brasil, é um combustível extra. “A gente vê o carinho da cidade com a gente. Colocaram telão para ver as provas, isso dá mais motivação, saber que existem crianças que estão se inspirando na gente. O carinho dos brasileiros nos motiva muito”, disse.
Depois de ganhar uma prata no C1 1000m e um bronze no C1 200m, Isaquias agora quer dividir a alegria de subir ao pódio com o companheiro. O baiano lembrou que suas conquistas não podem ser encaradas como esforços individuais. “A medalha dos 200m é também do Nivalter (Santos) e agora eu quero remar com o Erlon para conseguir a medalha da dupla do Erlon com o Ronilson (Oliveira). Eu acho que essas medalhas não são só minhas, são da equipe, porque foi essencial o Ronilson remar com o Erlon enquanto não remava comigo e o Nivalter teve papel fundamental por remar comigo os 200m para que eu ganhasse velocidade”.
Na manhã desta sexta, foi anunciado que o atleta Seghei Tarnovschi, da Moldávia, foi desclassificado por doping e perdeu a medalha de bronze que tinha ganhado na prova C1 1000m, em que Isaquias ficou com a prata. Com a desclassificação, o bronze passou para o russo Ilia Shtokalov.
Perguntado sobre o ocorrido, Isaquias lamentou, mas disse que fica a lição. “Eu acho que uma medalha olímpica você não ganha com substância proibida. O Sebastian Brendel (alemão que ganhou o ouro na prova C1 1000m) rema muito e mesmo alguém tomando alguma coisa não foi capaz de ganhar de mim e dele. A gente treinou bastante e veio para cá limpo e isso mostra a dedicação dos atletas. Ele (Seghei) fez uma coisa errada, até pelo fato de ele ser novo. Ele rema muito bem, tem 19 anos, fico muito triste por acontecer isso no esporte, aqui no Rio, e espero que ele possa voltar nos próximos anos limpo”, encerrou o brasileiro.