O Jornal Nacional divulgou reportagem em sua edição desta sexta-feira (13) mostrando que teve acesso aos depoimentos dos ex-executivos da construtora Andrade Gutierrez investigados pela Operação Lava Jato. Homologados pelo Supremo Tribunal Federal (STF), eles revelam o pagamento de propina ao ex-governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, do PMDB.
As delações de Clóvis Peixoto Primo e Rogério Nora de Sá incluem ainda outros nomes: o ex-secretário de Governo do estado, Wilson Carlos, o dono da construtora Delta, Fernando Cavendish, e Carlos Miranda, apontado nas delações como operador dos pagamentos a Cabral nas obras do Maracanã.
Nos depoimentos, os ex-executivos contaram aos procuradores que se reuniram no Palácio Guanabara, sede do governo do Rio, para tratar do pagamento de propina e que, na maioria das obras, o percentual cobrado por Cabral era o mesmo 5% dos contratos das obras do Maracanã, do Arco Metropolitano e da urbanização no Conjunto de Favelas de Manguinhos.
De acordo com os depoimentos, até nas obras em que não havia dinheiro do estado, Sérgio Cabral exigia o pagamento de propina. Rogério de Sá afirmou que, durante uma reunião para cobrar créditos atrasados do governo com a Andrade Gutierrez, o ex-governador pediu propina de 1% sobre as obras de terraplanagem do Comperj, uma das principais obras da Petrobras no país, em Itaboraí, na Região Metropolitana do Rio.
Nos depoimentos, os delatores afirmaram que Sérgio Cabral avisou que tudo estava acertado com o ex-diretor da Petrobras e condenado na Lava Jato, Paulo Roberto Costa. Rogério de Sá então procurou Paulo Roberto na estatal e ouviu dele: “Tem que honrar”. Em seguida, o ex-executivo da construtora conta que a Andrade Gutierrez pagou R$ 2,7 milhões ao então ex-governador.