Vitor Abdala
Repórter da Agência Brasil
A mãe de Douglas Rafael da Silva – dançarino encontrado morto ontem (22) no Morro do Pavão-Pavãozinho, na zona sul do Rio de Janeiro – disse hoje (23) que o filho foi morto e torturado por policiais militares. Maria de Fátima da Silva prestou depoimento hoje na Delegacia de Polícia de Copacabana (13ª DP).
O laudo do Instituto Médico-Legal (IML) mostrou que ele foi morto por causa de uma perfuração no pulmão e, segundo ela, Douglas tinha marcas de cortes, agressões e pisadas de bota. De acordo com Maria de Fátima, moradores relataram ter ouvido Douglas gritar, como se estivesse sendo torturado, entre o final da noite do dia 21 e o início da madrugada do dia 22.
“Tenho certeza absoluta de que ele foi torturado. Ele estava muito machucado. Alguma coisa perfurou ele no tórax e isso causou uma hemorragia interna. Tinha muita marca de bota”, ressaltou ela.
Ela mesma só soube da morte do filho no final da tarde de ontem, por meio de moradores do Pavão-Pavãozinho. Maria de Fátima diz que pessoas da comunidade viram policiais militares fazer um cordão de isolamento ao redor da Creche Paulo de Tarso, onde o corpo de Douglas foi encontrado, para que ninguém se aproximasse do local.
Intrigados com a presença de diversas pessoas no local e ao tentar entender por quê, moradores descobriram o corpo por volta das 9h de ontem, segundo ela. A mãe do dançarino contou ainda que policiais militares tentaram modificar a cena do crime antes da chegada da perícia da Polícia Civil no final da manhã.
O comandante das unidades de Polícia Pacificadora (UPPs), coronel Frederico Caldas, disse que houve um tiroteio na comunidade por volta das 22h, mas não foi registrada nenhuma vítima. A Polícia Militar, segundo Caldas, só tomou conhecimento oficialmente de que havia um corpo na creche por volta das 10h do dia seguinte.