REDAÇÃO DO JORNAL DA MÍDIA
Terminal Marítimo de Bom Despacho, 5h10m da manhã desta sexta-feira (7). O locutor do serviço de som do Sistema Ferryboat, denominado pela concessionária Internacional Marítima como “rádio ferry”, entra no ar para fazer um apelo dramático aos usuários:
“Atenção senhores e senhoras, estamos com uma pessoa idosa passando mal na estação de embarque de passageiros. A senhora precisa de atendimento médico. Se tiver algum médico nesse terminal por favor se dirija à entrada do salão de embarque”.
O próximo ferry a zarpar seria o “Juracy Magalhães”. O JORNAL DA MÍDIA, no local, procurou informações, às 5h40m, no terminal, de um funcionário da Internacional na pista de embarque de veículos, sobre a ocorrência e obteve a informação: a passageira acabara de falecer.
No Terminal de Bom Despacho, não existe assistência médica e muito menos qualquer posto de saúde. O Sistema Ferryboat, segundo estimativas extraoficiais, transporta cerca de 15 mil pessoas por dia. A Agerba não é chegada a divulgar os números do negócio e muito menos a concessionária atual. Ninguém sabe exatamente o motivo.
É um mistério. Mas os indicadores de 2007-2008 apontavam um movimento diário de 12 mil passageiros, números bem parecidos com os da Estação Rodoviária de Salvador, onde a infraestrutura ao passageiro, se não é ideal, pelo menos é digna.
O ferry da Bahia virou sinônimo de pobreza, de descaso, de insensatez. Mas muitos ganham dinheiro em cima desse quadro de penúria. E não são poucos! Alguns já estão ricos, milionários.
Ao contrário do Terminal de São Joaquim, onde a Agerba, em 2007, conseguiu que duas ambulâncias do Samu fossem destacadas durante todo o dia para atendimento a casos emergenciais, os passageiros dos sistema são totalmente desassistidos na Ilha de Itaparica. No interior dos navios, também, sequer existe algum tripulante preparado para um atendimento de primeiro socorro. Medicamentos, nem pensar! E os casos se sucedem.
E depois vem a “nota de pesar” da concessionária Internacional Marítima, publicada na íntegra, abaixo, pelo JORNAL DA MÍDIA:
É com pesar que a Internacional Marítima informa que a senhora Isaura Ramos, 88 anos, passou mal e veio a falecer após infarto fulminante ocorrido por volta das 5h40 desta sexta-feira (7), no Terminal de Bom Despacho. A senhora morava no município de Valença, e o corpo foi conduzido para o Instituto Médico legal de Santo Antonio de Jesus.