REDAÇÃO DO JORNAL DA MÍDIA
Salvador – Enquanto o Governo da Bahia é denunciado por ter comprado duas embarcações superfaturadas, os usuários do Sistema Ferryboat, explorado pela Internacional Marítima, continuam enfrentando no dia a dia os mesmos problemas na travessia Salvador-Ilha de Itaparica. O navio Juracy Magalhães Jr., lotado de passageiros e veículos, teve que esperar ao menos 40 minutos para atracar em Bom Despacho por volta das 21h30 desta quinta-feira (21), porque uma das gavetas de atracação estava ocupada pelo ferry Pinheiro.
A outra gaveta está há mais de 30 dias desativada por “problemas técnicos”. A Internacional Marítima, empresa do Maranhão de José Sarney, de estreitas ligações com a tradicional família do senador e que agora joga solta junto ao Governo da Bahia, tem oito meses na Bahia e não investiu absolutamente nada visando a melhoria do sistema. Mas tudo que fatura em cima da população baiana vai para os seus cofres – ela não paga nada ao Estado por usar as embarcações. Nem um centavo de aluguel.
Enquanto isso, o Governo da Bahia anuncia mais uma dispensa de licitação para a construção ou adaptação de atracadouros para receber as “novas ebarcações” do sistema ferry boat, adquiridas junto a um armador português pela bagatela de R$ 54,9 milhões. Essas embarcações provavelmente serão utilizadas em futuro próximo também pela Internacional Marítima.
Nas obras de adequação para os novos ferries vão ser investidos R$ 10 milhões – as obras são consideradas pelo governo de ”caráter emergencial” e por isso houve dispensa de licitação. Mas os R$ 10 milhões, presume-se, são só iniciais, pois depois é provável que aparecem os famosos “aditivos de contrato”.
A verdade é que o sistema ferryboat vai de mal a pior. No feriadão de 15 de Novembro foi o caos, apesar de a empresa ter prometido uma operação especial, denominada como “Operação Otto Alencar”. A fila de veículos chegou a seis horas na noite de quinta-feira (14) e na sexta (15). O que a Internacional Marítima divulgou é que as filas nunca passaram de duas horas. E a imprensa toda divulgou, ninguém sabe com que interesse.