Em entrevista ao jornal Tribuna da Bahia desta segunda-feira (21), o governador da Bahia, Jaques Wagner, anunciou que a pretende fechar a sua chapa majoritária para as eleições de 2014, no próximo dia 15 de novembro. Wagner sustentou que não pretende ter duas candidaturas dentro da base que o apoia. “Só para ter claro, Lídice da Mata é da base, mas no momento que ela sair candidata com uma candidatura nacional outra, não são duas candidaturas da base. Até porque eu não vou fazer nenhum tipo de palanque duplo”. Leia abaixo trechos da entrevista:
Tribuna – Governador, há uma movimentação dentro do PT para a definição imediata da candidatura que o sucederá em 2014. O senhor já se definiu, como é falado, pelo secretário Rui Costa?
Wagner – Repare, eu só posso dizer que me defini quando essa decisão sair do próprio PT. Eu não sou um ente à parte do meu partido, a natureza do PT é uma natureza de muito diálogo e debate interno, essa questão está acontecendo. É evidente que eu sei que a minha opinião pesa, por eu estar sentado na cadeira de governador e ser o condutor do processo. Os nomes que estão colocados, todos eles estão à altura de serem apresentados aos aliados e à sociedade baiana e realmente eu quero ver se agora, até o dia 15 de novembro, eu posso bater esse martelo, senão começa a ficar um processo meio angustiante e acaba não ajudando, acaba desgastando. Os próprios aliados gostando desse ou daquele nome prefere que se saiba logo para que eles próprios comecem a trabalhar. A verdade é que nós não temos nenhum nome pronto. Não tem nenhum nome que você diga “esse aqui é pule de 10”. Todo mundo, como eu próprio, vai ser construído nessa caminhada. Então, é bom a gente definir logo para que essa caminhada continue. O meu sentimento é que há um reconhecimento dos aliados na questão da legitimidade da liderança da cabeça de chapa ser do PT. Eu sinto uma maturidade interna no PT e cada um tem a sua torcida, eu acho isso absolutamente natural, cada um tem que ficar nesse ou naquele nome, com mais força ou até porque é mais próximo desse ou daquele grupo, mas eu sinto uma maturidade muito grande dentro do PT de todo mundo entender que é fundamental que a gente tire um nome do processo de unidade, todo mundo cúmplice desse processo. E dos aliados eu sinto que há um reconhecimento de que o PT tem legitimidade e nomes para puxar a cabeça de chapa.
Tribuna – Qual será o critério para definir e indicar o candidato para a sucessão do senhor?
Wagner – Eu posso dizer qual não vai ser o critério. O critério não vai ser de pesquisa. Primeiro porque eu acho que pesquisa a essa altura de distância do evento, que é em outubro, 06 de outubro, para mim pode ser um indicativo. Eu não desprezo pesquisa, evidentemente, mas eu acho que toda a experiência recente que a gente tem, na minha eleição, na eleição da Dilma, dos prefeitos agora de 2012, não foi algo do tipo de que uma pesquisa de um ano, de 11 meses antes, pudesse ser o prognóstico correto. Eu cada vez me convenço mais que a população se interessa pela eleição 60 ou 90 dias antes. Então, a pesquisa pode ser um indicativo, mas ela não é para mim a preponderante. Aí o resto é ver como a gente garante, com um nome competitivo. Todos esses que estão colocados, você evidentemente vai identificar pontos fortes e pontos mais vulneráveis. Não tem ninguém que seja só ponto forte. É uma análise que todo mundo está fazendo, eu estou dialogando, óbvio que tem uma taxa de subjetividade, sempre terá, não só da parte do governador, mas da parte de qualquer um. Por mais que você diga que o critério é objetivo, todos nós somos seres humanos e é evidente que sempre tem um grau de subjetividade, que faz parte também, mas eu procuro sempre colocar as coisas num lado mais objetivo, até para que as pessoas compreendam as escolhas e a gente possa tocar a vida.
Tribuna – Rui Costa é o favorito do senhor?
Wagner – É que Rui Costa talvez, dos nomes que estão colocados aí, é a pessoa com quem eu tenho maior tempo de relação. É nesse sentido que as pessoas identificam. Mas tenho uma relação excepcional com (Luiz) Caetano, com (José Sérgio) Gabrielli, com (Walter) Pinheiro, então não tem nenhum problema. O pessoal fala de Rui porque está há mais tempo no time, desde o Sindiquímica, desde o Polo Petroquímico, me ajudou como articulador político no primeiro governo e está me ajudando agora, tocando as questões da execução. Efetivamente, é um nome, como todos. Pinheiro já foi secretário do Planejamento e teve um desempenho bom, Gabrielli carrega a qualidade de ter gerenciado uma empresa do porte da Petrobras. Caetano tem a favor a experiência que teve no Polo Petroquímico. Então, repare, você vai achar defeitos e qualidades em todo mundo e vai ter uma hora, óbvio, que eu tenho conversado com a presidenta Dilma e com o ex-presidente Lula, a gente não faz as coisas desconectado deles, mas eu quero ver se dá até essa semana – eu tive um probleminha com essa viagem, depois tive que ir ao Rio por uma questão mais familiar – para começar a conversar com os quatro para ver se a gente pode bater o martelo. Mas eu estou sentindo que as pessoas sabem que é importante ter um caminho de unidade dentro do partido.
Tribuna – O presidente do PP, Mário Negromonte, disse recentemente que o senhor já havia definido a composição da chapa. Tem fundamento essa declaração?
Wagner – Não posso ter definido a chapa como um todo porque sequer a cabeça de chapa está definida, a não ser que seja do PT. Evidente que se você for fazer uma escolha por dimensão de cada partido, os três maiores partidos são PT, PSD e PP. Nesse sentido, se for essa a única lógica do jogo da montagem da chapa, poderia dizer que está bom. Se é por tamanho, são os três maiores partidos, então estaria montada por, assim dizer, a chapa. Mas eu acho que ainda tem muita água para rolar debaixo desse caminho. Todo movimento nosso aqui vai depender também do movimento em nível nacional. Os partidos ainda não têm a definição em nível nacional, então querer precipitar essa questão… É óbvio que o que o Mário falou não está desprovido, é uma referência dizer: “qual é a referência?”, “pelo tamanho dos aliados”. Então são esses três maiores, depois viria o PDT. O PDT reivindica porque tem o senador João Durval, que é senador e foi parte da majoritária em 2006. O PP também reivindica.