Grandes obras inicialmente planejadas para melhorar o transporte público nas cidades-sede da Copa de 2014, garantindo que o evento deixe um legado no setor, não ocorrerão ou não terminarão antes do Mundial em quatro dos 12 municípios que receberão jogos do evento. Em outras quatro cidades, atrasos ameaçam fazer com que somente parte dos investimentos previstos em transporte público sejam concluídos antes do torneio.
Pelo Portal da Transparência, da Controladoria-Geral da União, a BBC Brasil conferiu o andamento de todos os investimentos em transporte público da Matriz de Responsabilidades, documento que define o papel de governos e entidades privadas na execução de obras para a Copa. Obras na matriz podem ser contratadas por regime diferenciado, mais ágil que o habitual, e pagar menos tributos.
Em São Paulo, Brasília, Salvador e Manaus, à exceção de melhorias em sistemas já existentes ou em obras no entorno dos novos estádios, todos os demais investimentos diretos em transporte público previstos para o evento foram retirados da matriz. E em Natal, nenhum dos quatro projetos de mobilidade urbana da matriz se refere a ações diretamente voltadas ao transporte público, mas sim a obras viárias, como a ampliação de avenidas.
Com isso, essas cidades não aproveitarão o evento esportivo para executar grandes obras em transporte público. A postura é diferente da adotada, por exemplo, por Johanesburgo. A cidade sul-africana que recebeu mais jogos na última Copa do Mundo, em 2010, construiu para o evento uma linha de trem com 80 km que conecta seu aeroporto à cidade vizinha de Pretória, além de corredores de ônibus.(João Fellet, da BBC Brasil)