LUÍS AUGUSTO GOMES
Apesar do grande esforço de deputados governistas na sessão de ontem da Assembleia Legislativa para convencer da natureza eminentemente classista da greve dos professores municipais, o movimento tem todas as características de que é destinado a atazanar vida do prefeito iniciante, ACM Neto (DEM).
Comparações só podem ser feitas sob parâmetros semelhantes. As mesmas entidades que há um mês aceitaram a proposta de correção salarial do governo do Estado agora recusam a da Prefeitura, que vinha sendo idêntica e acaba de ser elevada, segundo nota distribuída à imprensa, mas não se sabe se isso é garantia de acordo.
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Já que, na sessão, tanto se falou nos interesses dos servidores e dos políticos que os representam, no parlamento e no meio sindical, vale ressaltar que há um interesse maior em jogo, que é o de pequenos cidadãos de Salvador, principalmente das famílias mais pobres, usuárias da já precária rede escolar.
Talvez tudo seja legítimo, mas a impressão transmitida é de uma mobilização política na acepção mais deplorável dessa palavra tão nobre. A esperança de uma nova gestão municipal surgiu de escombros produzidos com a ajuda da insensatez de muitos que ainda pontificam na cena, sem dar sinal de que pretendam desarmar os espíritos.
2012: uma greve justa – A paralisação dos professores do Estado em 2012, de quatro meses, teve um motivo específico e especial: o governo, rompendo um acordo irresponsavelmente firmado com o sindicato, recusou-se a dar o reajuste de 22,22% sofrido pelo piso nacional da categoria. A frustração levou a uma greve que não pode ser considerada injusta. (Por Escrito)