LUÍS AUGUSTO GOMES
Se não der zebra, o deputado Uziel Bueno (PTN) mais uma vez será frustrado em tentativa de emplacar uma iniciativa de peso na Assembleia Legislativa da Bahia, que seria a criação de uma CPI para investigar as entranhas do futebol baiano.
Leia também:
Antes, ele quis reduzir a 30 dias o recesso parlamentar anual, atualmente de três meses. Sua proposta de emenda constitucional, que não coletou as assinaturas necessárias para tramitação, foi encampada pelos líderes do governo e da oposição e a matéria hoje se encontra navegando em águas pelos menos obscuras.
Após a sessão da tarde de ontem, os dois líderes já não apresentavam uma posição muito convicta sobre a matéria. Zé Neto, do governo, disse que o assunto seria discutido, enquanto o oposicionista Elmar Nascimento pediu “responsabilidade para não acontecer como na CPI do metrô”, que ficou sem conclusão. A CPI foi proposta por ele, que, no entanto, foi impedido de ser presidente ou relator.
A ideia da CPI do futebol surgiu de um fato que inicialmente mais sugere um componente passional: a histórica goleada de 7 a 3 que o Bahia sofreu para seu maior rival, o Vitória, o que a levou a ser chamada, de imediato, de “CPI do Bahia”.
Diante das 24 assinaturas coletadas por Uziel, quando 21 seriam suficientes para a criação, o presidente Marcelo Nilo se viu na contingência da analisar o assunto e marcou para hoje, às 11 horas, em entrevista coletiva, o anúncio de sua posição.
Deputado suspeita de sonegação de impostos – Nilo antecipou que estudaria a existência de “um fato determinado” que autorizasse o funcionamento da CPI. O deputado proponente alega que há dinheiro público cujo uso correto tem de ser investigado e acena ainda com a possibilidade de sonegação fiscal, o que já adentraria a área criminal.
No primeiro caso, Uziel se refere ao patrocínio da Embasa, por cerca de cinco anos, aos clubes profissionais do interior, que, à razão de R$ 1,5 milhão por ano, chegaria perto dos R$ 8 milhões. “A Federação não tem condições hoje de tirar uma certidão negativa, por isso perdeu esse apoio, o que precisamos apurar”.
Por outro lado, o deputado acusa a empresa Calcio, do delegado André Garcia, de “mandar no Bahia”, através de transações com jogadores. “Gabriel foi para o Flamengo por R$ 5 milhões, a Calcio ficou com R$ 1 milhão. O capital dela é de R$ 10 mil. Como pode gerir esse patrimônio sem, no mínimo, sonegar impostos?” – indagou.
Uziel estava animado, ontem, com o apoio recebido do Conselho da OAB-Bahia, o que, para ele, afasta qualquer argumentação de inconstitucionalidade da CPI, “Só por exemplo, o Estatuto do Torcedor está sendo desrespeitado na Bahia até pela inexistência de câmera de monitoramento em todos os estádios, como manda a lei”. (Por Escrito)