A relação entre o Palácio do Planalto e o PT com o virtual candidato do PSB à Presidência da República, o governador Eduardo Campos (PE), tornou-se um exercício de paciência e de tato político. Ao mesmo tempo em que se esforçam para manter um bom relacionamento com o socialista, na tentativa de preservá-lo na base aliada e contar com seu apoio em eventual segundo turno das eleições presidenciais do ano que vem, pessoas próximas da presidente Dilma Rousseff e petistas não têm escondido a irritação com as recentes estocadas de Campos no governo, e sua aproximação com setores da oposição, PSDB em especial.
Na segunda-feira esse delicado equilíbrio será testado em visita da presidente Dilma a Pernambuco. Ela encontrará Campos na vistoria que fará nas obras do sistema adutor do Pajeú, em Serra Talhada.
Dilma e Eduardo Campos tinham um almoço previsto na casa do governador, em Recife, e visita a outra obra federal nas cercanias da capital, mas essa parte da agenda foi cancelada na tarde de sexta-feira. Coincidência ou não, logo depois que Eduardo Campos apareceu falando que tem “muitas afinidades” com o tucano José Serra, adversário de Dilma na disputa presidencial de 2010 e com quem o governador teve um encontro cercado de sigilo na sexta-feira anterior. Por essas e outras é que o PT acompanha com preocupação, e desconfiança, os movimentos de Campos. Uma das reclamações recorrentes no PT em relação ao, agora incômodo, aliado é que o sucesso de sua administração teria sido conquistado graças a investimentos federais feitos desde o governo Lula. Vários estudos comparativos mostram que Pernambuco foi o estado do Nordeste que mais recebeu recursos federais durante o governo Lula.(Fernanda Krakovics, O Globo)