LUÍS AUGUSTO GOMES
O convite do governador Eduardo Campos à ministra Eliana Calmon para ingressar no PSB e disputar o governo da Bahia, efetivamente formulado, não é um rapapé para agradar à magistrada, notabilizada pela postura crítica que exibe com relação ao Poder Judiciário.
O presidente nacional do PSB deseja-a para pressionar a senadora Lídice da Mata a ser ela própria a candidata, podendo essa pressão chegar a extremo inimaginável. Campos está insatisfeito com a “condução petista” que Lídice pretenderia dar ao processo sucessório no Estado, segundo revela a Por Escrito uma fonte ligada ao partido.
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Não que o governador de Pernambuco seja candidato a presidente, pois ele pensa mesmo é em concorrer ao Senado e apoiar a reeleição de Dilma Rousseff. Seu objetivo está em 2018, mas, desde já, ele precisa de um palanque que possa expandir o PSB na Bahia.
O raciocínio de Campos, aparentemente correto, é de que, se Lídice apoiar o candidato do governador Jaques Wagner na Bahia, estará preparando a cama para que, na eventual sucessão de Dilma daqui a cinco anos, seja novamente um petista a deitar-se nela. Por isso, disse a Lídice: “Você é candidata natural, mas temos opção”.
Senadora já “escolheu” seu caminho – Em nota divulgada no dia 14 de janeiro, sob o título “Um problema para 2014”, este blog havia tratado da hipótese de Eduardo Campos exigir uma candidatura do PSB ao governo do Estado.
Numa “encruzilhada difícil”, como dissemos, Lídice teria de optar entre a legenda em que ocupa “posição de destaque” e “as forças com as quais compartilha o poder na Bahia desde a política estudantil”.
Exatamente um mês depois, no dia 14 passado, a imprensa trazia declaração de Lídice ante a perspectiva dessa exigência do PSB: “Não se trata de romper com Wagner. É uma situação que ele vai ter que entender”.
A fonte de que se valeu este blog na nota acima foi confrontada com essa informação, pois a senadora deu clara comprovação de que não daria “condução petista” à questão. A resposta: “Lídice foi acuada pela [direção] nacional. Ela poderia até perder o partido”.
Ministra reflete – A ministra Eliana Calmon “está refletindo” e “ninguém sabe” que posição tomará em relação ao convite de Eduardo Campos.
Continua valendo, portanto, sua recente declaração de que não tem talento para a política e que seu negócio é a magistratura.
PSB pode ganhar até cinco deputados – Independentemente dos projetos que estejam passando pela cabeça dos mangangões do PSB, alguma coisa de muito portentosa está acontecendo na seção baiana do partido, conforme informações que este blog recebeu, de fontes diferentes e isoladas, sobre a perspectiva de atração de deputados federais.
Uma delas dá conta de que poderão filiar-se à legenda os deputados Arthur Maia (PMDB), Acelino Popó (PRB) e Félix Mendonça Júnior (PDT). Se for verdade, no caso dos dois últimos seria uma transferência dentro das forças governistas – do ponto de vista baiano –, o que poderia permitir alguma acomodação.
Quando a Maia, dificilmente deixaria de sofrer um processo por infidelidade partidária. Comenta-se até, desde o episódio da eleição do líder na Câmara, em que preferiu Sandro Mabel a Henrique Eduardo Alves, o candidato dos irmãos Vieira Lima, que ele estaria “armando para Geddel cacetar e ele ter motivo para sair”. Mas o fato é que Geddel tem ficado na dele.
Rocha e Argôlo seriam casos distintos – Outra fonte atesta que José Rocha (PR) e Luiz Argôlo (PSD) poderão ser os novos “socialistas” e que o “desejo” de ambos foi comunicado ao partido pela própria senadora Lídice, em reunião da Executiva sábado passado.
A questão aí tem dois aspectos distintos, apesar de tudo ocorrer na base do governo Wagner. Rocha talvez pudesse enfrentar alguma resistência, pois se sabe do tipo de controle que o presidente César Borges exerce no PR.
Já Argôlo, não terá problema, se continuarem válidas as palavras de Otto Alencar, quando ainda tentava organizar seu PSD, de que não colocaria obstáculos a quem no futuro, não quisesse mais ficar no partido. (Por Escrito)