LUÍS AUGUSTO GOMES
A posição reticente, para não dizer omissa, do governo do Estado em relação a Salvador, nos últimos seis anos, que propaganda nenhuma irá salvar, pode ser o verdadeiro e grande motivo de o candidato do PT, Nelson Pelegrino, amargar tanta incerteza em relação ao pleito.
Ainda um aliado, em fevereiro de 2007, o prefeito João Henrique ouviu do governador Jaques Wagner que seu compromisso era “com 417 municípios”, uma declaração de que os interesses políticos prevaleceriam dali em diante e de que a capital era uma cidade como outra qualquer.
E foi assim que aconteceu, especialmente com relação ao metrô, cuja inauguração não se permitiria ao prefeito. Os problemas se agravaram, mas o projeto não teve êxito porque o imponderável – ou nem tanto – entrou em cena, com o rompimento do PMDB com o governo e o apadrinhamento do então ministro Geddel a João Henrique, que se reelegeu.
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Encarnação do carlismo ronda a cidade – É natural que numa cidade arrasada em todos os seus recantos e recursos surja o sentimento de mudança. Só que o governo do Estado não é o mais credenciado a propô-la, deixando espaço justamente ao seu maior adversário histórico, ACM Neto (DEM), a encarnação do carlismo.
Pelo que se nota no meio político e fora dele, a candidatura de Neto tem um significado muito especial – a combinação de certa desilusão com o petismo local, influenciada também pelos ares nacionais, e o desejo dar uma resposta com aquele que, no imaginário popular, se vincula mais ao trabalho e às realizações.
A 50 dias da eleição, e com a campanha na TV começando amanhã, a situação é passível de mudança, mas não há dúvida de que o nome de Neto está cristalizado para o segundo turno, ao contrário de situações enganosas do passado, em que favoritos foram desbancados na reta final. (Por Escrito)