REDAÇÃO DO
JORNAL DA MÍDIA
Salvador – Mesmo com o corte no fornecimento de água e energia, decretada desde ontem pelo presidente da Assembleia Legislativa, Marcelo Nilo, os professores da rede estadual de ensino, em greve há 97 dias, decidiram continuar ocupando as intalações da AL-BA.
Além de ficarem sem luz e água, os professores foram proibidos de usar os banheiros.
Ontem à tarde, Marcelo Nilo exigiu a desocupação imediata do prédio pelos grevistas. O procurador da AL, Graciliano Bonfim, deu entrada no pedido de reintegração de posse da AL no Tribunal de Justiça da Bahia, e quem vai julgar o mérito da ação é o desembargador Ruy Eduardo Brito, da 6ª Vara da Fazenda.
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Os professores estão na Assembleia desde 13 de abril, dois dias depois que a greve foi decretada. Os comentários que circularam na AL-BA indicavam que Marcelo Nilo teria recebido “ordens superiores”, procedentes da Governadoria.
A diretora da APLB/Sindicato, Marilene Betros, disse há pouco que a entidade não foi notificada ainda e que os professores vão continuar na Assembleia, independente da exigência de Marcelo Nilo.
“Nós vamos continuar aqui e o movimento continua. Não concordamos com a atitude do presidente da Assembleia, achamos que ele devia trabalhar no sentido de buscar a negociação, e ele busca um caminho de retirar os professores dessa forma, na raça. Nós queremos negociar”, observou Marilene,
Ela explicou que a categoria terá uma nova assembleia nesta quarta-feira (18) para definir os rumos do movimento. Em seguida, o comando de greve terá uma reunião com o Ministério Público.
O presidente da Assembleia Legislativa, Marcelo Nilo, afirmou que participou de reunião com representantes do sindicato da categoria e que não houve acordo. O deputado disse que pediu que os grevistas saíssem do saguão até quarta-feira (18), mas os sindicalistas discordaram da proposta e solicitaram que o prazo fosse estendido até o final do mês.
“A Assembleia Legislativa não pode servir de campamento para um movimento grevista ilegal. O Poder Legislativo é que tem que ser guarita de um movimento ilegal?”, questionou Nilo.
Protesto da Oposição – O deputado Paulo Azi (DEM), líder da oposição na Assembleia Legislativa, disse não acreditar que o presidente Marcelo Nilo (PDT) utilize a Polícia Militar para expulsar os professores que ao longo do movimento grevista fizeram da Casa um local de acolhimento e apoio.
“Os professores estão na Casa há 97 dias, de forma ordeira e pacífica, não justificando-se, portanto, uma ação desse tipo”, criticou Azi, acrescentando que Marcelo Nilo deveria utilizar seu poder político para fazer com que a Comissão de Educação da AL funcione e debata a “caixa preta” do FUNDEB.