Salvador – Um comunicado do Instituto Federal da Bahia (Ifba), antigo Cefet, que daria início a um processo de compra de 20 imóveis no entorno de suas instalações no Barbalho, está deixando os moradores e proprietários das casas aflitos. O Ifba quer os imóveis para ampliar seu campus.
“Já tentaram isso muitos anos atrás, mas não conseguiram”, entregou Haydée Alves de Souza, 96 anos, moradora do número 33 da rua Augusto Guimarães. Na área onde estão as casas, o Ifba pretende construir salas de pesquisa e extensão, laboratórios, salas de aula, um teatro e um estacionamento. Além de apreensivos com a possibilidade de saída, os moradores se mostram preocupados com a preservação do patrimônio, presente principalmente nas residências que conservam o estilo neoclássico.
“Tem famílias morando aqui há mais de 200 anos. O que eles vão fazer com os casarões e casas que pertencem a esse sítio histórico?”, pergunta o advogado Rafael Kafka, morador da casa nº6 da rua do Orum, a que mais seria atingida pela ampliação. A comunidade tem receio de perder suas residências por valores abaixo do mercado. “Não tenho intenção de vender meu imóvel. Se quisesse, botava uma placa”, avisa Raimundo Bispo dos Santos, da rua Emídio Santos, morador de um imóvel erguido há mais de 50 anos.
Tentando tranquilizar a comunidade, a direção do Ifba diz que o processo de compra das casas ainda está na fase preliminar. O diretor geral do Campus Salvador, Albertino Ferreira Júnior, garantiu que não haverá ação de desapropriação. “É mentira dizer que vamos desapropriar. Marcamos uma conversa com os moradores. Se fosse desapropriar, não chamaria ninguém para diálogo”.
O diretor adiantou que a compra dos imóveis não seria a partir de seus preços venais, ou seja, baseado no IPTU. Albertino também disse que, no caso da retirada das famílias, a instituição de ensino cumprirá todas as normas relativas a patrimônio, gabarito e uso do solo. “Não somos malucos para fazer o que bem entendemos sem respeitar a lei. Sei do valor histórico e afetivo das coisas”, disse Albertino. (Correio)