As eleições na Bahia apresentam figuras já conhecidas do eleitor. Os três candidatos mais competitivos já tentaram a prefeitura em eleições passadas. O candidato do DEM é o deputado federal Antônio Carlos Magalhães Neto. Em 2008, ACM Neto, apontado como favorito na largada, sequer chegou ao segundo turno.
Para tirar a pecha do seu partido de opositor dos movimentos sociais – a legenda entrou com uma ação no STF contra as cotas raciais –, ACM Neto tem como companheira de chapa a professora Célia Sacramento, do PV. Militante do movimento negro, ela recebeu críticas de entidades por essa aliança .
A candidatura do demista resultou na retirada do PSDB no páreo, que optou pelo apoio a ACM Neto. Ex-prefeito (1997-2004) na época em que era do antigo PFL, o deputado federal Antônio Imbassahy era o nome dos tucanos no pleito. Porém, teve que sair de cena quando as executivas das siglas decidiram não repetir o que chamam de “erro histórico” de 2008 .
Há quatro anos, ACM Neto e Imbassahy dividiram votos do eleitorado de direita e sequer conseguiram ir para o segundo turno, que deu a reeleição ao atual prefeito da capital, João Henrique Carneiro (PP). Como forma de mostrar reprovação por perder a sua candidatura, Antônio Imbassahy ainda não apareceu para endossar ACM Neto.
O apoio do PSDB ao DEM foi traçado em São Paulo em um acordo no qual o DEM paulista sobe no palanque de José Serra, do PSDB. De acordo com a cúpula demista, Salvador é a capital em que a legenda tem mais chances de vitória. A operação foi batizada de “Salvadem”.
Candidato do PT, o deputado federal Nélson Pelegrino já perdeu três eleições para prefeito: 1996, 2000 e 2004. Desta vez, ele conta com a força das máquinas estadual e federal.
O principal articulador da sua campanha é o governador Jaques Wagner. Ele costurou uma coligação de 14 partidos. São tantas legendas que nem ele soube dizer o nome de todas na convenção petista, no último sábado (30). “Não lembro dos menores”, disse após citar apenas oito agremiações em resposta à pergunta do iG.
Entre os partidos da base está o PP, de João Henrique. Mesmo assim, Pelegrino não poupou críticas ao prefeito no discurso da homologação de sua candidatura . “A cidade vive um momento difícil, é o diagnóstico de todos, pela descontinuidade administrativa, pela falta de projeto a longo prazo”. No entanto, ele não vê constrangimento em ter os progressistas como aliado. “todos que estão aqui estão unidos por Salvador e porque estão em torno do nosso projeto”.
A vice de Pelegrino é a vereadora do PC do B Olívia Santana. Os comunistas chegaram a lançar o nome da deputada federal Alice Portugal, a única mulher na bancada baiana na Câmara. No entanto, o governador entrou em campo e influenciou os comunistas a cederem espaço para o PT.
Um dos motivos que resultaram na união do PT com o PC da B é evitar a ascensão de Mário Kertész, do PMDB. Ex-prefeito de Salvador – biônico, de 1979 a 1981, e eleito, de 1986 a 1989 –, o peemedebista afirmou não ter interesse em reabrir a sua carreira política. Há 18 anos ele tem um programa de rádio, cuja emissora, de sua propriedade, é uma das mídias de Kertész.
De acordo com ele, Salvador está abandonada, e ACM Neto e Pelegrino não serão gestores, pois se ocuparão de projetos políticos pessoais e partidários. Até a última semana Mário Kertész, cujo vice é o líder comunitário e ex-líder estudantil Nestor Neto, ia alçar voo solo.
Após a convenção do PMDB, houve a entrada do PSC, que estava com o PT, na sua coligação. Os socialistas cristãos não gostaram de não terem sido consultados na escolha de quem seria o vice. No apoio do PSC ao PMDB pesou a atuação do vice-presidente da República, Michel Temer, que atuou para tal aliança. Ele já havia dito que, para o PMDB, Salvador é uma das prioridades da legenda .
Outros candidatos são o deputado federal e bispo da Igreja Universal Márcio Marinho, do PRB, de Hamilton Assis, do PSOL, e Rogério Tadeu da Luz, do PRTB. (João Paulo Gondim – iG)