LUÍS AUGUSTO GOMES
A cidade é de todos e não é de ninguém. Esse conceito simples resume o espírito da coisa pública em geral. E não é diferente com Salvador. Por isso, agride a cidadania e dói no coração ver a cidade apropriada e manipulada em nome de interesses individuais, em prejuízo do coletivo.
O exemplo começa do alto, como demonstra a implantação de tubulação da Bahiagás na Avenida Garibaldi, em que a obra passa e os buracos ficam. Mas pode ser visto também na pessoa desconhecida que picha muros, viadutos, postes e sinaleiras com o aviso de que faz carreto e pega entulho, seguido do telefone.
Na tarde da véspera de São João, três homens arrastavam tranquilamente, pela pista, árvores de bambu inteiras, gigantescas, arrancadas do canteiro central da Avenida Juracy Magalhães Júnior, justamente nas proximidades do Parque da Cidade.
A população consolidou a cultura de cortar o leito da rua para fazer passar o cano do seu esgoto, quebra meios-fios para permitir o acesso de veículos, prende e pinta anúncios em tudo que é espaço e ainda usa perigosamente a rede elétrica para penduricalhos diversos.
Não é possível que não salte aos olhos das autoridades que a primeira coisa a fazer por Salvador é impor o respeito às mais elementares posturas municipais, que são todas as deliberações de cumprimento obrigatório instituídas pela Câmara ou pelo Executivo para dar o mínimo de dignidade à área urbana.
Preservar os bens e equipamentos públicos é dever natural de todo cidadão, coisa sagrada nas comunidades onde se cultivem padrões de civilidade. Em Salvador, no entanto, tais situações se multiplicam, sem servir, pelo menos, para justificar a existência da Guarda Municipal. (Por Escrito)