LUÍS AUGUSTO GOMES
A insatisfação que em geral parlamentares da base manifestam em relação ao governo atingiu em cheio a bancada do PSD na Assembleia Legislativa, com segura exceção, é claro, do deputado Gildásio Penedo, cotado até para a liderança.
É que “ninguém tem nada, não se dá atenção a deputado”, disse um dos próprios, chamando a atenção para o fato de que “o PSD tem sido o fiel da balança, nossos 12 votos têm garantido os projetos do governo”.
Outro deputado assegura que “vislumbram-se tempos ruins” em futuro bem próximo, porque “qualquer hora vai chegar um projeto novo, e aí veremos como vai ser”.
Partido acena com fidelidade para 2014 – Observadores da cena política entendem que esse quadro por enquanto latente já faz conexão com a sucessão de 2014. “Jaques Wagner quer Rui Costa para governador, os deputados preferem Otto Alencar, e ninguém se esqueça da votação de melhor secretário na Assembleia, quando Otto teve 16 votos, bem à frente de todos”.
Uma realidade é parte essencial dessa equação: são quatro os principais partidos da base, mas apenas três as vagas na chapa majoritária. É de se supor que o PT terá a cabeça, o PP, no mínimo, pretenderá a vice, e o PDT requererá para si a disputa do Senado, onde está seu filiado João Durval.
Portanto, está sobrando o PSD, que não tem direitos originais porque não existia em 2010. Mas o argumento do primeiro pessedista dá o que pensar: “Fidelidade é artigo raro. Veja que o PP quis ter candidato a prefeito, o PDT está correndo de Pelegrino. Fechado, mesmo, o PT só conta com o PSD”.
Primeiro movimento será de Wagner – O pontapé inicial cabe ao governador, sendo difícil crer que ele pense em ficar quatro anos sem mandato. A tendência é de que renuncie em abril de 2014, deixando ou não a cadeira para o vice Otto, que, se assumir e tiver de candidatar-se, só poderá ser, legalmente, para o governo.
Não assumindo a função de governador-tampão, Otto a deixaria para o atual e supostamente próximo presidente da Assembleia, Marcelo Nilo, pelo período de 30 dias, para que realizasse eleição indireta para a sucessão governamental.
Nesse caso, o deputado seria inelegível em outubro para qualquer cargo, e obviamente só toparia essa missão num acordo que lhe desse o mandato de governador por oito meses.
Ainda assim, há quem duvide de que Nilo admita ficar sem mandato a partir de 2015, mesmo recebendo as garantias de ampla participação no poder a se instalar. “Política é opção”, diz um deputado adepto dessa tese. “O cara tem que arriscar”. (Por Escrito)