O depoimento da amante de Marcos Ktiano Matsunaga, pivô do assassinato do empresário pela mulher, Elize Araújo Matsunaga, pode atrapalhar a estratégia da defesa de alegar que ela agiu por impulso num momento de intensa emoção. Ouvida pela polícia no último dia 8, a garota de programa de 23 anos, identificada apenas como Natália, relatou que o empresário dizia ter medo do que a Elize poderia fazer contra ele.
Segundo Natália, que usava o codinome Lara quando anunciava seus serviços num site de garotas de programa, disse ainda à polícia que Marcos chegou afirmava que Elize estava passando por um tratamento psicológico em função de um trauma de infância.
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Natália prestou depoimento ao delegado responsável pela investigação do assassinato e esquartejamento do corpo de Marcos Matsunaga, Mauro Dias, na sede do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), no último dia 08. Segundo seu depoimento, Marcos disse a ela que o reverendo Renê Götz, da Igreja Anglicana que o casal frequentava, havia aconselhado o empresário a procurar atendimento psicológico, porque a esposa “não estava bem psicologicamente”. Segundo ela, Marcos dizia a ela que pretendia se separar de Elize e deixar a filha do casal, de um ano de idade, sob a guarda da mãe.
Apesar do teor das revelações, que indicam que o casamento atravessava turbulências já há algum tempo e enfraquecem a tese de crime puramente passional, a polícia não pretende tomar novos depoimentos e considera a investigação encerrada. São aguardados apenas os resultados dos exames periciais e laudo do Instituto Médico Legal (IML) para que o inquérito seja encaminhado, provavelmente até o final da semana que vem, ao Ministério Público.
Quartos separados – A garota de programa, também deu detalhes de seu relacionamento com o empresário. Ela disse que Marcos telefonava e mandava “mais de dez mensagens por dia”. As mensagens, segundo ela, eram enviadas inclusive quando Marcos estava em casa. Ele teria dito à amante que há mais de um mês já não dormia no mesmo quarto da esposa.
Natáila anunciava seus serviços como prostituta no mesmo site que era usado por Elize antes de se casar com Marcos. Foi por esse caminho que ela e o empresário se conheceram, no dia 13 de fevereiro deste ano. E passou a se encontrar semanalmente com ele, sempre às 14 horas, no flat onde ela mora. Pelo serviço, Marcos Matsunaga pagava à acompanhante a quantia de 4 mil reais mensais.
No início de abril, Marcos e Natália fecharam um acordo para que ela tirasse as fotos do site em que anunciava seus serviços, e ficasse exclusivamente com ele. Para isso, o empresário pagaria a ela uma mesada de 27 mil reais. A primeira parcela foi paga no dia 04 de abril, data em que as fotos sensuais foram suprimidas do site. Marcos também presenteou a amante com uma caminhonete Mitsubishi Pajero TR-4, o mesmo modelo de veículo que havia dado a Elize, avaliado em cerca de 80 mil reais.
A partir daí, contou Natália em seu depoimento, Marcos passou a procura-la com mais frequência, chegando a passar nove horas seguidas com ela. O empresário evitava chegar cedo em casa para não se envolver em briga com Elize, contou. Apesar de todas as demonstrações financeiras de apreço dadas pelo empresário, Natália disse que não pretendia se envolver definitivamente com ele. Ela teria chegado a aconselhar Marcos a não se separar de Elize, com medo de perder a privacidade. (Valmar Hupsel Filho, na Veja)