A mulher de 86 anos, que prefere não se identificar, não se esquece da tentativa de assalto, no sábado à noite. O bandido invadiu um prédio no centro de Caxias do Sul e foi até o segundo andar, onde fica o apartamento dela.
O ladrão escalou a grade do lado de fora do apartamento e arrombou uma janela que dá acesso a sala. De lá, ele foi em direção ao quarto onde a idosa estava dormindo.
“Entrou aquele moço pela porta, abriu assim. Eu olhei, ‘mas como é que tu entrou aqui?’, pensando que era meu neto. Não mexeu em nada e saiu porta afora e disse ‘te acalma’, disse para mim. Eu olhei para ele e vi que não era o meu neto. Eu fui perto do guarda-roupa e tinha o revólver. Ele disse ‘sua velha não sei o quê, abre esse portão aqui’. ‘Como é que eu vou abrir? Por onde tu entrou, tu vai sair’”, conta.
Mesmo assustada com a situação, a moradora não hesitou em usar a arma. “Pensei: ‘o que eu faço? É eu ou ele’. Pensei nas minhas filhas, nas minhas netas e peguei: ‘agora tu vai’ e ‘pá’. Ele nunca imaginava. Dei um tiro, pegou perto do coração. Depois ele foi indo, levantou o braço, eu disse ‘ele está vivo’. Lembrei dos crimes dele, e disse ‘agora vai outro’ e ‘pá’ e ‘pá’”.
A dona de casa tem dificuldade para caminhar e artrite nas mãos. Diz que nunca tinha atirado antes. A polícia apreendeu o revólver, que é uma herança da família. “Há 50 anos estava ali e nunca tinha usado. Não queria fazer aquilo, mas fui obrigada”. (Jornal Hoje)